Question

[...] A diretoria da escola onde minha filha estudava chamou ao pais para contar o seguinte: ‘’Eu mandei instalar uma câmera em cada sala de aula, de maneira que agora vocês poderão vigiar o comportamento dos seus filhos pelo celular’’. Depois, virou para as crianças e as advertiu: ‘’Terão de se comportar agora, porque estão sendo vigiados ate pelo celular’’. Ora, qualquer pessoa com dois neurônios, rapidamente, a contrario senso, pensa: ‘’Se o meu comportamento esta sendo vinculado a uma fiscalização externa a mim, quando ela desaparecer poderei da vazão aos meus instintos mais selvagens, canalhas etc.’’ Com essa medida, a escola abre mão da formação em nome de uma técnica repressiva. Só que não há como colocar câmera em todos os lugares – embora estejamos na iminência de andarmos todos com chips na canela. Ora, no momento em que deslocamos o nosso bom comportamento para a ética, para a controladoria, para o compliance, para os cadernos, para os chips, para os radares, para catracas eletrônicas, para fiscalização que nos é externa, abrimos mão de uma possibilidade, que é a de nós mesmos, por meio da nossa própria inteligência, da nossa própria razão pratica, identificarmos o que é mais ou menos adequado fazer. Isto é, abrimos mão de um ganho em nome de um tipo de saber, que é aquilo que poderíamos chamar de moral. Que é segurar a própria onda em nome de uma integração de um outro, de uma harmonia, enfim. [...]​

Answer 1

Resposta:

Ora, no momento em que deslocamos o nosso bom comportamento para a ética, para a controladoria, para o compliance, para os cadernos, para os chips, para os radares, para catracas eletrônicas, para fiscalização que nos é externa, abrimos mão de uma possibilidade, que é a de nós mesmos, por meio da nossa própria inteligência, da nossa própria razão pratica, identificarmos o que é mais ou menos adequado fazer. Que é segurar a própria onda em nome de uma integração de um outro, de uma harmonia, enfim.