Português, perguntado por CiceroNino, 9 meses atrás

A crônica "Ela" conta a história da influência

crescente da televisão na vida de uma família

brasileira, entre as décadas de 1960 e 1970. A partir

das citações e da argumentação do autor, podemos

perceber seu ponto de vista sobre essa influência.

Qual é esse ponto de vista? Você concorda com essa

opinião? E ,hoje, você percebe essa influência? Como

ocorre? Quais programas mais a exercem? O que as

famílias podem fazer quanto a isso?


ELA – LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO


Ainda me lembro do dia em que ela chegou lá em casa. Tão pequenininha!

Foi uma festa. Botamos ela num quartinho dos fundos. Nosso Filho – Naquele

tempo só tinha o mais velho – ficou maravilhado com ela. Era um custo tirá-lo da

frente dela para ir dormir.


Combinamos que ele só poderia ir para o quarto dos fundos depois de fazer

todas as lições.

- Certo, certo.

- Eu não ligava muito para ela. Só para ver um futebol ou política. Naquele

tempo, tinha política. Minha mulher também não via muito. Um programa

humorístico, de vez em quando. Noites Cariocas… Lembra de Noites Cariocas?

- Lembro vagamente. O senhor vai querer mais alguma coisa? E me serve

mais um destes. Depois decidimos que ela podia ficar na copa. Aí ela já estava

mais crescidinha. Jantávamos com ela ligada, porque tinha um programa que o

garoto não queria perder. Capitão Qualquer Coisa. A empregada também gostava

de dar uma espiada. José Roberto Kely. Não tinha um José Roberto Kely?


- Não me lembro bem. O senhor não me leva a mal, mas não posso servir mais nada

depois deste. Vamos fechar.

- Minha mulher nem sonhava em botar ela na sala. Arruinaria toda a decoração. Nessa

época já tinha nascido o nosso segundo filho e ele só ficava quieto, para comer, com ela

ligada. Quer dizer, aos poucos ela foi afetando os hábitos da casa. E então surgiu um

personagem novo nas nossas casas que iria mudar tudo. Sabe quem foi?

- Quem?

- O Sheik de Agadir. Eu, se quisesse, poderia processar o Sheik de Agadir. Ele arruinou

o meu lar.

- Certo. Vai querer a conta?

- Minha mulher se apaixonou pelo Sheik de Agadir. Por causa dele, decidimos que ela

poderia ir para a sala de visitas. Desde que ficasse num canto, escondida, e só aparecesse

quando estivesse ligada. Nós tínhamos uma vida social intensa. Sempre iam visitas lá em casa.

Também saíamos muito. Cinema, Teatro, jantar fora. Eu continuava só vendo futebol e

notícia. Mas minha mulher estava sucumbindo depois do Sheik de Agadir, não queria perder

nenhuma novela.

- Certo. Aqui está a sua conta. Infelizmente temos que fechar o bar.

- Eu não quero a conta. Quero outra bebida. Só mais uma.

- Está bem… Só mais uma.


- Nosso filho menor, o que nasceu depois do Sheik de Agadir, não saía de frente dela. Foi

praticamente criado por ela. É mais apegado a ela do que à própria mãe. Quando a mãe briga com ele,

ele corre pra perto dela pra se proteger. Mas onde é que eu estava? Nas novelas. Minha mulher

sucumbiu às novelas. Não queria mais sair de casa. Quando chegava visita, ela fazia cara feia. E as

crianças, claro, só faltavam bater em visita que chegasse em horário nobre. Ninguém mais conversava

dentro de casa. Todo mundo de olho grudado nela. E então aconteceu outra coisa fatal. Se

arrependimento matasse…

- Termine a sua bebida, por favor. Temos que fechar.

- Foi a copa do mundo. A de 74. Decidi que para as transmissões da copa do mundo ela deveria

ser bem maior. E colorida. Foi a minha ruína. Perdemos a copa, mas ela continua lá, no meio da sala.

Gigantesca. É o móvel mais importante da casa. Minha mulher mudou a decoração da casa para

combinar com ela. Antigamente ela ficava na copa para acompanhar o jantar. Agora todos jantam na

sala para acompanhá-la.

- Aqui está a conta.

- E, então, aconteceu o pior. Foi ontem, hora do Dancin´Days e bateram na porta. Visitas.

Ninguém se mexeu. Falei para a empregada abrir a porta, mas ela fez “Shhh!” sem tirar os olhos da

novela. Mandei os filhos, um por um, abrirem a porta, mas eles nem me responderam. Comecei a me

levantar. E então todos pularam em cima de mim. Sentaram no meu peito. Quando comecei a protestar,

abafaram o meu rosto com a almofada cor de tijolo que minha mulher comprou para combinar com a

maquiagem da Júlia. Só na hora do comercial, consegui recuperar o ar


CiceroNino: ME AJUDEM POR FAVOR!!!!!!!!!!!
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Soluções para a tarefa

Respondido por arthureduardoarnt
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Resposta:

Oii, teria que mandar uma foto das perguntas para mim entender melhor ok? Quando vc mandar as fotos eu te ajudo

Explicação:

foi mal :(

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