Até ao século XVI, a Igreja Católica dominava por completo a sociedade europeia. Muitos membros do alto clero viviam no luxo e na opulência em contraste com o ideal de pobreza pregado por algumas ordens religiosas. A corrupção e a imoralidade eram frequentes entre os clérigos . Alguns humanista cristãos, como Erasmo de Roterdão, apelaram para uma profunda reforma da Igreja, que moralizasse a vida eclesiástica e reconduzisse o Cristianismo à sua pureza original. No entanto, os papas não se mostravam dispostos a aceitar as críticas.A rebelião de Martinho Lutero Em 1513, o papa Leão X enviou pregadores a muitos lugares, pedindo aos fiéis que contribuíssem com o dinheiro para as obras da Basílica de S. Pedro. Em troca dessa esmola, o Papa concedia-lhe uma bula de indulgências, isto é, um documento em que declarava o perdão das almas do purgatório em favor de quem fosse dada a esmola.Em 1517, Martinho Lutero, um monge alemão, tomou uma posição pública contra a doutrina em que se baseavam as indulgências, numa proclamação conhecida como as Noventa e Cinco Teses. Acabaria por ser excomungado pelo Papa e só a protecção de alguns príncipes alemães impediu que fosse condenado à morte na fogueira.O reformismo protestante Mais tarde, Lutero estendeu as suas críticas à doutrina da Igreja Católica. Esta ensinava que o Homem só poderia alcançar a salvação eterna através da prática de boas obras e da mediação do clero. Para Lutero, no entanto, o fundamental era a fé .O homem salvava-se se tivesse fé, isto é, se acreditasse em Cristo e na sua palavra. Para isso, Lutero traduziu a Bíblia para alemão, de forma que cada crente a pudesse ler e interpretar livremente, sem precisar de ter o clero como intermediário.O culto devia limitar-se à leitura da Bíblia e ao cântico de hinos. Lutero reduziu os sacramentos, mantendo apenas o baptismo e a comunhão e aboliu o culto dos santos e da Virgem Maria. Defendeu a extinção das ordens monásticas, do celibato eclesiástico e estabeleceu que a igreja não deveria possuir propriedades. Isto levou muitos príncipes alemães a apoiar o luteranismo, seduzidos pela possibilidade de se apropriarem dos bens da Igreja Católica.As ideias reformistas de Martinho Lutero deram início à Reforma Protestante.