A crise migratória/econômica na Venezuela
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5 ANOS APÓS MORTE DE CHÁVEZ
Entenda a crise na Venezuela que provocou forte onda migratória ao Brasil
05/03/2018 | 13:51
Refugiados venezuelanos vem ao Brasil para fugir da crise (Foto: AFP / MAURO PIMENTEL)
Refugiados venezuelanos vem ao Brasil para fugir da crise (Foto: AFP / MAURO PIMENTEL)
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Heloisa Vasconcelos
Há cinco anos morria o ex-presidente Hugo Chávez, um nome populista que promoveu melhorias na qualidade de vida dos venezuelanos, principalmente para as classes mais pobres. Quem assumiu o poder desde então foi Nicolás Maduro, que tentou aplicar em seu governo a mesma política de Chávez. As condições que o atual presidente encontrou, no entanto, eram bem diferentes das de quando Hugo assumiu: o preço do barril de petróleo, base da economia da Venezuela, baixou. Medidas de controle estatal próprias do chavismo, modelo de socialismo inspirado pelo bolivarianismo, se mostraram insustentáveis dentro de um contexto de crise política e econômica.
Cinco anos depois, venezuelanos enfrentam uma situação complicada. Nos mercados, faltam alimentos, produtos de higiene e remédios. A inflação se encontra acima de 800% ao ano, aumentando o preço de insumos básicos, quando esses conseguem ser encontrados. As ruas se enchem de uma oposição cada vez mais radical, que encontra uma resposta igualmente radical por parte do governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), já há 18 anos no poder.
A situação caótica provocou uma forte onda migratória de venezuelanos miseráveis para os países vizinhos da América Latina, principalmente o Brasil. Cerca de 50 mil venezuelanos entraram aqui após o agravamento da crise político-econômica na nação bolivarianista.
A crise na economia
A economia na Venezuela é pouco diversificada e dependente. A base dessa, aproximadamente 96% da renda, está no petróleo, produto abundante no país, mas de valor que sofre oscilações. Itens de necessidade não são produzidos no país, dependendo da importação de países próximos, entre eles, o Brasil. O preço do barril de petróleo, de 120 dólares em 2008, caiu para menos de 50 dólares a partir de 2014. Além de perder a capacidade de importar, o país não pôde manter os investimentos sociais, um dos pontos mais positivos do governo de Chávez.
A crise na emigração
De acordo com o Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), depois dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo destino mais procurado pelos venezuelanos, seguido da Argentina, Espanha, Uruguai e México. As nações receberam milhares de solicitações de migração neste ano.
Eles solicitam por refúgio, uma permissão para permanecer no Brasil na condição de refugiados, o que significa que precisaram deixar o país de origem por motivos de perseguição política ou crise humanitária. Também procuram por trabalho temporário e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao precário atendimento médico, quando existia, em seu país natal.
Os imigrantes venezuelanos estão vivendo em condições precárias em Boa Vista, capital do estado, o que aponta para um estado de urgência na região Norte do Brasil. Enquanto durar a escassez de alimentos e remédios e o sistema político da Venezuela continuar instável, a tendência é que mais habitantes continuem deixando o país.