A criação de palavras novas não é privilégio de literatos ou de escritores famosos. O falante comum também tem participação nesse processo, usando, ainda que inconscientemente, os mesmos processos de criação. Como as palavras novas são formadas a partir de elementos já conhecidos, é possível presumir o sentido produzido pela recombinação resultante. Em todos os itens que seguem, há uma palavra criada, que não consta dos dicionários.
a) Transcreva-as.
b) Descreva o processo pelo qual foram formadas.
c) Descreva os sentidos.
I. Caetano Veloso, que assinou a trilha sonora de Dois filhos de Francisco, cunhou um neologismo ao dizer que o filme representava o processo final de “desbregalização” da música sertaneja.
II. Conta-se que o escritor Ariano Suassuna, ao ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, teria dito: “— Imortal eu já sou. Agora, o que eu queria mesmo é me tornar imorrível.”
III. Mãe, eu juro
Mãe, eu estou aqui
A fim de lhe avisar
Que minha vida com ele
Não tem mais jeito, não.
Oh, mãe, ele não trabalha,
Não faz nada.
Só aparece de madrugada
Todo alcoolatrado
Depois dorme até as três
Soluções para a tarefa
Resposta: I. a) Desbregalização.
b) De brega, formou-se bregalizar – por derivação sufixal. De bregalizar, formou-se desbregalização – por derivação parassintética.
c) Desbregalização significa o ato de libertar a música sertaneja da má fama de brega.
II. a) Imorrível.
b) De morrer, formou-se imorrível pela agregação simultânea do prefixo -in (o n cai antes de palavras iniciadas por m) mais sufixo -vel. Trata-se de uma formação por parassíntese.
c) Imorrível, nesse trecho, se opõe a imortal, que, no contexto, é usado em sentido não literal de alguém que não deixa de ser lembrado, que tem a memória perpetuada, como é o caso dos imortais da Academia. Imorrível já tem sentido literal: aquele que não deixa de viver, que não está sujeito à morte biológica.
III. a) Alcoolatrado.
b) Formada por derivação sufixal: prefixo alcoólatra- 1 -ado.
c) Sugere a ideia de excessiva embriaguez, típica de quem idolatra o álcool, isto é, adora a bebida como se fosse um deus, entregando-se inteiramente a ela.