A contemporaneidade do “Panis et circenses”
No período denominado “século de ouro”, na Roma Antiga, instituiu-se o chamado “Panis et circenses”. A população recebia o alimento, a diversão, e tudo estava resolvido. Posteriormente, com a Revolução Industrial, deu-se a ideia do imediatismo, da rapidez nas linhas de produção. A história expõe que as ações e os pensamentos a longo prazo são cada vez menos priorizados pelo ser humano, em decorrência de uma construção ideológica que preza pela síntese, pelo veloz. Mas por quais razões isso ocorre?
O tempo é tido – ou dado – como o agente condicionante da vida contemporânea. Ou melhor, a falta dele. Tornamo-nos escravos dos ponteiros, tornamo-nos vítimas de medidas que nós mesmos criamos. Esperar tornou-se uma tortura: deve-se viver – ou simplesmente “existir” – de acordo com o modelo just-in-time. Quando G. Lipovetsky afirma que a cultura do sacrifício está morta, é possível aplicar tal ideia ao fato de que a cultura do agora destruiu paulatinamente o poder do ser humano sobre o tempo, fazendo-o temer o passar dos dias, dos meses, do ano. Teme-se o envelhecimento, teme-se a morte.
Mas o que verdadeiramente morre, se morrer o homem? O legado humano reduz-se porque não há tempo para deixar registro. Deve-se ler o jornal, pegar o metrô, trabalhar. Práticas como a leitura vêm sendo abandonadas pelas novas gerações que nasceram com um cronômetro instalado em suas mentes. O altruísmo e o amor natural e desinteressado já não existem, pois vive-se em prol do individual, do singular, não havendo, portanto, o estabelecimento de um “todo” harmonioso e relativamente equilibrado que leva o nome de “coletivo”. Levaria.
Sucumbir ao paradoxo dos instantes, em prol da ascensão dos valores pregados por aqueles que defendem o estilo de vida que somos condicionados a levar, é anular a essência do ser humano como item imprescindível para o estabelecimento e disseminação da condição animal a que pertencemos. Exigir o veloz, o imediato e o sintético, sem ter a consciência de que estes valores são injetados em nossas mentes, é ter a confirmação de que o “Panis et circenses” da Roma Antiga é tão contemporâneo quanto o advento da globalização.
(Candidato da FUVEST. Disponível em: https://document.onl/documents/a-contemporaneidade-do-panis-et-circenses.html. Acesso em 26/06/2021)
Altruísmo: interesse pelo bem-estar do próximo
Panis et circenses: expressão latina que significa “pão e circo”.
QUESTÃO 1
A tese ou ideia principal desenvolvida no texto encontra-se no primeiro parágrafo. Qual é ela? *
QUESTÃO 2
Além dos tipos de argumento que você estudou, existem outras formas de desenvolver o texto dissertativo-argumentativo: enumeração (fazer uma lista), definição (apresentar um conceito), causa e consequência e contraste (comparação na qual se evidencia a diferença entre duas realidades). Indique qual procedimento foi utilizado nos seguintes trechos do texto:
A – “o tempo é tido – ou dado – como agente condicionante da vida contemporânea.” *
a) Definição
b) Enumeração
c) Alusão histórica
d) Citação
e) Causa e consequência
B – “Tornamo-nos escravos dos ponteiros, tornamo-nos vítimas das medidas que nós mesmos criamos.” *
a) Definição
b) Causa e consequência
c) Citação
d) Enumeração e exemplificação
e) Contraste
C – “Quando G. Lipovetsky afirma que a cultura do sacrifício está morta, é possível aplicar tal ideia ao fato de que a cultura do agora destruiu paulatinamente o poder do ser humano sobre o tempo.” *
a) Provas concretas
b) Contraste
c) Comparação
d) Senso comum
e) Citação
D) – “O legado humano reduz-se porque não há tempo para deixar registros.” *
a) Causa e consequência
b) Contraste
c) Autoridade
d) Senso comum
e) Retorção
E – “O altruísmo e o amor natural já não existem, pois vive-se em prol do individual.” *
a) Definição
b) Causa e consequência
c) Presença
d) Alusão histórica
e) Comparação
F – “vive-se em prol do individual, do singular, não havendo, portanto, o estabelecimento de um ‘todo’ harmonioso e relativamente equilibrado que leva o nome de ‘coletivo’”. *
a) Autoridade
b) Senso comum
c) Contraste
d) Alusão histórica
e) Provas concretas
QUESTÃO 3
A conclusão do texto em estudo é feita no último parágrafo. A ideia presente na conclusão coincide com as expressas na introdução, pois o autor reafirma que somos condicionados – por aqueles que defendem o estilo de vida baseado na rapidez – a viver de modo imediatista. Considerando os tipos de conclusão estudados, com qual deles o autor encerra o texto?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
1- A ideia principal do texto é que ao longo da história o ser humano foi priorizando o imediatismo, a satisfação rápida e veloz, vive-se apenas o presente e teme-se o futuro.
2-A) letra a
B) letra c
C) letra c
D) letra a
E) letra b
F) letra c
3- A conclusão foi uma retomada da tese do texto
gabisouza2003:
muito obrigada
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