a)Como a quebra da Bolsa de Valores de NY afetou a economia do Brasil?
b)E como afetou o setor político?
Soluções para a tarefa
Entre os anos de 1894 e 1930, o presidente da República foi eleito pelos paulistas barões do café num mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros. Era a chamada política do café com leite, viabilizada pela hegemonia da oligarquia cafeeira paulista na época e que garantiu a formação de uma economia agrícola praticamente monoexportadora no país.
Em 1929, a quebra nos mercados acionários do mundo provocou uma forte queda nos preços internacionais das commodities. "O Brasil era fortemente dependente das exportações de café, e tinha uma enorme dívida externa, que precisava ser financiada com essas vendas", afirma o professor de História Econômica da FEA-USP, Renato Colistete.
Além da queda nos preços, a crise provocou uma diminuição na renda e no consumo no mundo todo, prejudicando ainda mais as vendas de café. As exportações do produto, que chegaram a US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. A cotação da saca no mercado internacional, caiu quase 90% em um ano.
Fogueira
Na tentativa de conter a queda, o governo federal comprou grande parte dos estoques dos produtores, e queimou 80 milhões de sacas do produto. "A ideia era queimar para diminuir a oferta e aumentar o preço internacional, porque o Brasil era o maior país exportador", segundo Marcos Fernandes, coordenador do Centro de Estudos dos Processos de Decisão da FGV-SP.
"A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já sofria pressões e contestações dos diferentes grupos urbanos e das oligarquias dissidentes de outros Estados, que almejavam o controle político do Brasil", explica Wagner Pinheiro Pereira, doutor em História pela USP e autor do livro "24 de Outubro de 1929: A Quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão".
Poder
O que aconteceu, então, foi que o foco do poder no país foi deslocado para o gaúcho Getúlio Vargas, que se tornou presidente da República após a Revolução de 1930. "Do ponto de vista político, a crise foi importante porque desviou o foco do poder para Getúlio Vargas e para um projeto de industrialização", diz Fernandes.
O novo presidente, porém, sabia que, mesmo com o fim da oligarquia paulista, o café não podia ser deixado de lado. Assumiu, então, uma nova política de defesa da cafeicultura, na tentativa de equilibrar os preços e evitar a superprodução.
"Não podemos esquecer que Getúlio era o pai dos pobres e a mãe dos ricos", diz Fernandes. "Ele tratou de não romper tão radicalmente com a oligarquia agrícola, e o café continuou sendo importante no Brasil. Isso começa a mudar mesmo a partir de Juscelino Kubitschek e, principalmente, a partir do Golpe de 1964."
A Grande Depressão, porém, dificultou os esforços do governo para ajudar o café e "somente no final da década de 1930 o café começou a recuperar os bons preços nos mercados internacionais", segundo Pereira.