A cigarra e a formiga
A cigarra, sem pensar em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."
LA FONTAINE.
Sem Barra
Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.
A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga
PAES, J. P.
Textos podem dialogar entre si, em processo de intertextualidade que pode revelar continuidade ou ruptura na abordagem temática. O poema de José Paulo Paes é criado a partir da fábula original de La Fontaine e pretende
a) ratificar os objetivos da fábula no sentido de valorizar aqueles que trabalham incansavelmente e criticar a ociosidade.
b) confirmar a mensagem trazida pela fábula, que pretende minimizar a importância do trabalho, valorizando também o lazer.
c) recuperar a figura da cigarra, atribuindo-lhe a função de, pela canção, tornar menos desagradável a faina diária da formiga.
d) ironizar a atitude da cigarra, que tenta justificar a sua pouca responsabilidade com a importância de atividades de natureza artística.
e) revalorizar as ações da formiga, através de um componente lúdico e prazeroso, representado pela cantoria da cigarra.
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b) confirmar a mensagem trazida pela fábula, que pretende minimizar a importância do trabalho, valorizando também o lazer.
AnaClaudiasouza12345:
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