A Carta
Pero Vaz de Caminha
Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia
do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso
minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior
que todos fazer!
Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para
aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu
[...]
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram
para a terra, como se os houvesse ali.
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas
como espantados.
[...]
Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes
uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os
que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas
pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas
eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que
por esse sertão haja muitas aves!
[...]
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o
norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cincoléguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas;
e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e
muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos
ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque
neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
[...]
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Essa carta é um documento histórico. Nela há pistas para descobrir qual é o momento da história em
que foi escrita. Converse com alguém de casa e, se for necessário, faça uma pesquisa em livros de história ou
on-line pelos sites de busca para identificar esse momento. Que momento é esse?
(Por favor Gente é pra entregar hoje)
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Não entendi mas irei pesquisar logo logo darei a resposta.BLZ.
Perguntas interessantes
Matemática,
8 meses atrás
Matemática,
8 meses atrás
Ed. Física,
8 meses atrás
Química,
11 meses atrás
Artes,
11 meses atrás
Matemática,
1 ano atrás
Artes,
1 ano atrás