Português, perguntado por ian09, 8 meses atrás

A carregadora de pedras

Desde que conquistou o direito à jornada dupla de trabalho, a chamada mulher moderna ainda

parece estar longe de conseguir desfazer o mal-entendido que provocou ao brigar pela igualdade

profissional com os homens. Não era bem isso: mas no afã de se libertar de outras opressões, ela

acabou partindo para o mercado de trabalho como se ele fosse a solução de todos os problemas –

financeiros, conjugais, maternais e muitos outros ais. E pagou o preço da precipitação, claro.

Agora não adianta chorar sobre o leite derramado - até porque a maior parte das vezes continua

sendo ela que vai limpar, ah, ah. Mas, falando sério, todas sabemos que há muito a fazer para

promover alguns ajustes e atualizações nessa relação de direitos e deveres de homens e mulheres.

Como falar sobre isso ajuda, vamos lá.

Em primeiro lugar, a questão do tempo livre. Que não existe, de fato. Aquele ditado que

enquanto se descansa carrega pedras foi feito para ela.

Trabalhe fora ou dentro de casa, a mulher dificilmente se livra da carga das tarefas domésticas

– mesmo que não se envolva pessoalmente. Costuma ser dela a responsabilidade pela arregimentação

de empregadas, faxineiras, babás, jardineiros, lavadeiras, passadeiras, prestadores de serviços em

geral, sem falar no abastecimento da casa. Quando dá tudo certo, ainda vai. Só que, se alguma coisa

der errado, a cobrança da família será terrível. No vasto histórico da luta feminina, muitas mulheres

conseguiram autorização de seus maridos para trabalhar fora com a condição de que, antes de tudo,

garantissem que os afazeres domésticos seriam cumpridos sem alteração. Apesar de triste, o pacto

legitimou, com um preço altíssimo, um sem número de vitórias pessoais. Aquelas – raras – que por

acaso tenham se livrado da dupla jornada costumam permanecer, por sua 40 vez, exercendo, no doce

organograma do lar, as funções de mãe supervisora nas folgas, feriados e fins de semana.

Depois, com o desaparecimento gradual da parceria patroa/empregada doméstica, homens e

mulheres terão, mais cedo do que se pensa, que lidar com a administração do caos doméstico. Sem

privilégios. E a primeira providência para esse futuro cor-de-rosa começa com a educação progressista dos filhos, os novos maridos e esposas que, tal quais os personagens do desenho animado Os

Jetsons, contarão com uma boa ajuda de um arsenal de maravilhas eletrônicas - entre elas, uma

empregada robô.

Que não enguiça. Porque, se enguiçar, já sabem quem vai mandar consertar. Ou não?

Sônia Biondo

03 - O tema do texto ―A carregadora de pedras é

(A) a conquista da dupla jornada de trabalho das mulheres.

(B) o desaparecimento gradual da parceria patroa/empregada.

(C) a sobrecarga de trabalho da mulher moderna.

(D) a briga da mulher moderna pela igualdade profissional. ​

Soluções para a tarefa

Respondido por Raf4Pim3nta
12

A letra 'C' pois o texto todo fala sobre a sobrecarga de trabalho da mulher moderna

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