A CADEIRA DO DENTISTA
Fazia dois anos que não me sentava numa
cadeira de dentista. Não que meus dentes estivessem
por todo esse tempo sem reclamar um tratamento.
Cheguei a marcar várias consultas, mas começava a
suar frio folheando velhas revistas na antessala e me
escafedia antes de ser atendido. Na única ocasião em
que botei o pé no gabinete do odontólogo — tem uns
seis meses —, quando ele me informou o preço do
serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.
— Não quero uma dentadura em ouro com
incrustações em rubis e esmeraldas — esclareci —, só
preciso tratar o canal.
— É esse o preço de um tratamento de canal!
— Tem certeza? O senhor não estará
confundindo o meu canal com o do Panamá?
Adiei o tratamento. Tenho pavor de dentista. O
mundo avançou nos últimos 30 anos, mas a
Odontologia permanece uma atividade medieval. Para
mim não faz diferença um “pau de arara” ou uma
cadeira de dentista: é tudo instrumento de tortura.
Dessa vez, porém, não tive como escapar. Os
dentes do lado esquerdo já tinham se transformado
em meros figurantes dentro da boca. Ao estourar o
pré-molar do lado direito, fiquei restrito à linha de
frente para mastigar maminhas e picanhas.
Experiência que poderia ter dado certo, caso tivesse
algum jeito para aquilo. (...)
NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista e outras crônicas. São
Paulo: Ática, 1999. p. 48-50. Fragmento.
Qual o assunto desse texto? *
A) Tratamento de dentes.
B) Dores de dentes.
C) Instrumento de tortura.
D) Adiamento do tratamento.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Letra B
Explicação:
Nessa crônica, existe uma ''ironização'' no quesito do preço, pode-se ver isso bem claro na seguinte citação do texto: ''[...]quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.''
Na crônica A cadeira do dentista de Carlos Eduardo Novaes o assunto tratado é as dores de dentes. Alternativa B.
Percebemos o pavor do narrador personagem que mal se imagina sentando em uma cadeira de dentista, quanto mais se submetendo aos dolorosos e demorados tratamentos.
Há também uma crítica quanto aos valores cobrados que parecem exagerados, no entanto, o próprio narrador percebe que o investimento valia a pena para que pudesse comer adequadamente e também preservar outros dentes.
A crônica também promove uma conscientização quanto aos cuidados com os dentes, pois muitos problemas bucais podem ser prevenidos através de uma escovação adequada.
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Bons estudos!