Português, perguntado por sarhar440, 8 meses atrás

a avó aprende a ler com as aulas remotas do neto...qual tipologia desse textual?​

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Respondido por stefanypereira591
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Resposta:

Mesmo depois de trabalhar até os 25 anos nas plantações de milho, feijão, arroz e fumo da família em Bom Retiro (SC), casar-se cedo e ter tido três filhos em seguida, a dona de casa Marlene Hinckel nunca deixou de lado a vontade de aprender a ler e escrever. Era um sonho, como uma foto que a gente coloca no espelho do banheiro para inspirar a batalha de todo dia. Era também uma necessidade prática. No mercado, ela não sabia a diferença entre o xampu e o condicionador. A chance de aprender surgiu na pandemia. Aos 63 anos, ela está se alfabetizando nas aulas virtuais do neto de 7 anos.

A oportunidade apareceu no turbilhão de mudanças que as famílias tiveram de fazer para cuidar dos idosos, o grupo mais vulnerável no início da pandemia. A filha Karina Hinckel, de 40 anos, deixou o emprego de gerente de Enfermagem para olhar a família mais de perto. Ela passou a visitar a mãe com uma frequência maior. Embora goste de morar sozinha, dona Marlene já estava deprimida com o isolamento da pandemia. As duas estão separadas por 40 minutos. Karina também estava preocupada com a alfabetização de Eduardo, filho único. O pai, o físico Rinaldo Henrique, viaja com frequência. Foi aí que neto e avó se tornaram parceiros de escola.

O menino fazia o 1º ano do ensino fundamental na unidade Estreito do Colégio Adventista de Florianópolis. A avó ficava com um olho nele e outro nas aulas online na tela do notebook. As lições começaram a fazer sentido para os dois, ao mesmo tempo. "Pensei comigo: o Eduardo, com sete aninhos, está aprendendo. Eu vou aprender também. Hoje, estou conseguindo entender as coisas". Às sextas-feiras, havia um projeto pedagógico chamado "Super Leitor" no qual as crianças liam textos que a professora escolhia. Era uma das atividades preferidas da dupla. "Ele está lendo cada dia melhor e logo aprendeu a ler e escrever. Eu ainda estou tentando. As primeiras palavras foram dado, dia, lua, dedo e casa", recorda.

De acordo com os educadores, a participação dela nas atividades online era informal, como uma espécie de aluna ouvinte. Depois, começou a perguntar. Logo estava fazendo as atividades do neto. Hoje, ela tem seu próprio caderno e seu material de estudo. A avó não começou do zero. Antes da pandemia, Marlene frequentava as aulas do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal Batista Pereira, em Ribeirão da Ilha. As aulas foram interrompidas e ainda não têm data para retornar. "O EJA foi fundamental para tudo isso. O apoio veio da escola, das professoras, por isso que ela não quis desistir e está indo em frente", diz a filha.

Karina apoia os dois - a explicação dada para um acaba ajudando o outro. Eduardo pega rapidinho. "Passo atividade no caderno para ela fazer, principalmente para diferenciar as sílabas simples das complexas. Aí está a dificuldade maior. Como explicar 'ba', 'bra' e 'bla' para quem aprendeu a falar essas sílabas do mesmo jeito desde a infância? Para ela, todas têm o mesmo som". A própria aluna admite que o processo é lento, cheio de idas e vindas. "É muito difícil. Dá insegurança. Às vezes parece que esqueço tudo o que aprendi, mas quero muito aprender e um dia pegar um livro e ler sem precisar de alguém para me corrigir", planeja.

ESPERO TER AJUDADO,BONS ESTUDOS!

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