A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as
manhas vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de
água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que
caiam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz,
Às vezes, eu abro a janela: o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas,
Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro, Gatos que abrem e
fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no
espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. As
vezes um galo canta, às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o
seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns
dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e
outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(adaptado Cecília Meireles)
01) Assinale a afirmativa INCORRETA acerca do texto "A arte de ser feliz":
A) Da janela, a autora avista crianças que vão para a escola.
B) O pobre homem atirava gotas de água sobre as plantas para que o jardim não morresse.
C) Na época da estiagem, a terra era esfarelada e o jardim parecia morto.
D) Às vezes, o jasmineiro está em flor.
E) Os gatos abrem e fecham os olhos devido ao grande silêncio.
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Resposta: E
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