7) Para você, há diferentes tipos e graus de sofrimentos? Explique.
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Resposta:
O sofrimento é uma marca indelével do ser humano. Em todas as épocas e lugares o animal humano se deparou com o sofrer, seja este ligado ao medo de situações ameaçadoras à vida existentes no mundo natural ou ao pavor frente ao sobrenatural. É impensável excluir o sofrimento como fator essencial na formação da sociedade e suas instituições, da cultura e da religião. Essas construções humanas ao mesmo tempo em que tentam absorver o sofrível, servem para expressá-lo em suas várias possibilidades.
O sofrimento aqui inclui tanto o seu lado somático como o psíquico, apesar desta distinção ser artificial uma vez que o corpo é lugar privilegiado -senão o único - para a manifestação do padecer psíquico. Seja qual for a delimitação mais adequada, o sofrimento,numa visão mais geral, se manifesta sempre ativamente, se impondo ao indivíduo. Essa vertente passiva do sofrente aparece contemplada na acepção comum do termo sofrimento.
Houaiss o define, dentre outros significados, como �experimentar com resignação e paciência; suportar; tolerar; agüentar... não evitar ou criar impedimento para; admitir, permitir, aceitar�.
Nesse sentido, uma vez acometidos pelo sofrimento, não nos resta outra possibilidade senão suportá-lo, experimentá-lo. Mas de qual sofrimento estamos falando? São todos iguais os desconfortos causados por uma depressão, uma ansiedade brutal, um pavor de estar sendo perseguido? Se utilizarmos as referências da psicopatologia, veremos que não, que há inúmeras especificidades não compartilháveis das várias entidades psicopatológicas. Mas certamente o pano de fundo de todas essas manifestações seja o sofrimento numa acepção mais geral,ou o pathos, para os que se dedicam à questão.
Sobre o caráter inexorável da angústia Comte- Sponville provoca questões ao afirmar : �o que mais angustiante que viver? (...) fazem-me rir nossos pequenos gurus, que querem nos proteger-nos dela. Ou nossos pequenos psis, que querem curar-nos dela. Por que não nos curam, em vez dela, da morte? �. (2)
Se não existe algum antídoto contra a angústia, como é que fica o bem-estar, a felicidade tão aspirada e propósito último dos homens? Freud em o Mal Estar da Civilização não deixa dúvidas: �ficamos inclinados a dizer que a intenção de que o homem seja feliz não se acha incluída no plano da criação�. (3)
Ou um exemplo autóctone do nosso poeta popular: �tristeza não tem fim, felicidade sim...�.
E para reforçar o coro dos insatisfeitos frente ao sofrimento contemporâneo, um questionamento febril proposto por Melo em uma reunião filosófica: �Por que a promessa de felicidade do projeto iluminista não se cumpriu?�.(4)
Se há um consenso invisível sobre o sofrimento em sua força inescapável, a pergunta essencial que nos assalta a partir daí é: Qual a intensidade e/ou a qualidade do sofrimento que devo considerar como sendo um elemento próprio à minha existência? Ou de um modo mais direto: Até quando/quanto devemos sofrer sem convocar o discurso médico em nosso auxílio?
O controvertido conceito de morbidez ou doença vem delimitar o sofrimento que deve ser tolerado e (se possível) elaborado, daquele que deve ser debelado, medicalizado.
A este último, a abordagem da medicina se apropriou há tempos imputando às alterações orgânicas a responsabilidade maior por esse grau acentuado do padecimento.
Como assinala Costa Pereira: �Freqüentemente o orgânico é evocado como condição necessária e suficiente para a determinação da angústia dita mórbida ou patológica�.(5)
O que se pretende aqui é discutir os limites desse sofrimento mórbido e suas modificações, relacionando-as às transformações da subjetividade que assistimos nas últimas décadas.
Comte-Sponville sintetiza nosso questionamento: �É isso que a angústia lembra a uns e aos outros, marcando os limites da filosofia, quando a angústia é patológica, bem como da medicina, quando ela não o é. (...) A angústia existencial não é uma doença; a neurose de angústia não é uma filosofia. Bom trabalho a todos!�.(2)