6ª QUESTÃO
Leia o trecho da crônica, A Carta, de Mia Couto:
[...]
A velha se imovia, como se tivesse saudade da morte. Seus olhos não mencionavam nenhuma dor. Eu tentava um alivio, desculpar o menino que não sobrevivera à farda. Nem se entristenha, mamã Cacilda. Também, maneira como carregaram esse menino para a tropa! Sem camisa, sem mala, sem notícia. Atirado para os fundos do camião como se faz às encomendas sem endereço.
- Entenda, mamã Cacilda.
Mas ela já dormia, deitada em antiquíssima sombra. Ou mentia que Dormia, debruçada na varanda da alma? Fingia, a velha. Como o rio, num açude, se disfarça de lagoa. Depois, ela regressava às pálpebras, me apressava.
- Continua. Por que paraste?
Já não restava nada que ler. Era só o gorduroso gatafunho, despedida Sem nenhum beijo. Pode a carta de um saudoso filho terminar assim «unidade, trabalho, vigilância»? Mas a velha insistia, cismalhava. Eu que lesse, toda a gente sabe, as letras igualam as estrelas mesmo poucas são infinitas. Eu lhe fosse paciente, pobre mãe, sem nenhuma escola. Foi então que passei a alongar aquela tinta, amolecendo as reais palavras. Inventava. Em cada leitura, uma nova carta surgia da velha missiva.
E o Ezequiel, em minha imagináutica, ganhava os infindos modos de ser filho, homem com méritos para permanecer menino.
Fonte: Couto, M. A Carta In: Cronicando. Caminho, 3. ed., 1991.
A presença de termos como “imovia”, “cismalhava” e "imagináutica” mostra um fenômeno presente na obra do moçambicano Mia Couto, que é:
ALTERNATIVAS
Ironia.
Metáfora.
Romantismo.
Metonímia.
Neologismo.
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Soluções para a tarefa
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15
com certeza letra ''E''.
andressaegui:
resposta correta é opção C.
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18
Letra E neologismo. Mia Couto faz um uso tão frequente destes neologismos que eles acabam por ser um verdadeiro ex-libris da sua escrita.
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