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Leia os trechos a seguir, retirados do romance A menina morta , de Cornélio Penna.
“- Não dona Frau, vancê não pode mais costurar êsse babado no vestido, neste vestido (...).
(...) Considerou com grave atenção a roupa posta diante dela pela escrava a reconheceu tristemente ter esquecido de não se tratar de vestuário de gala destinado a figurar nas reuniões da Côrte longínqua, apenas entrevista quando de sua vinda da Europa para ‘As Américas’. Aquêle pesado estofo de pregas duras não iria revestir o corpinho quente e agitado da criança que recebera com tanto carinho e crescera tão diferente da imperiosa e morena imaginada por ela… (...)”
Capítulo I.
“(...) Era ali que devia ser posto o pequenino caixão de cetim branco, nesse momento quase terminado por José Carapina, e fôra esse trabalho demorado porque o escravo o fazia sem enxergar bem o que tinha diante de si, de tal modo seus olhos estavam nublados. (...) Não era o suor que lhe caía do rosto, e abria pequenas manchas no pinho de Riga, muito branco e marmoreado por desenhos em sépia, mas sim lágrimas puras e cristalinas, em contraste luminoso com a pele negra e enrugada. Na alma do velho carpinteiro cativo enovelavam-se pequenos e confusos problemas, que se formavam e desapareciam sem que êle pudesse perceber onde estava a verdade e até onde ia a tentação do demônio, pois parecia-lhe grande crime estar a fazer o caixão onde seria aprisionada a Sinhazinha. (...)”
Capítulo II.
“(...) Mas agora Bruno sabia que o passeio seria bem triste… Ia buscar o padre que viria abençoar a Sinhazinha, para que ela pudesse partir para sempre. Como não iria ela para o Céu, se os anjos deviam estar ansiosos para tê-la em sua companhia? Pensou, pois sempre imaginara que os serafins deviam ter aquêle rosto pequeno e redondo (...).
As bestas olharam para êle, e pôde ler naquelas pupilas luminosas compreensão de tal modo perfeita que não lhe foi possível resistir, e deixou as lágrimas correrem, sem ao menos espiar para todos os lados se alguém o via nesse estado (...).”
Capítulo III.
(PENNA, Cornélio. A menina morta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.)
Indique a que tipo de narrador o texto parece aderir.
Onisciência seletiva múltipla.
Onisciência seletiva.
Câmera.
Narrador protagonista.
“Eu” como testemunha.
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Resposta:
" Onisciência seletiva."
Explicação:
Nessa forma de narração, o objetivo é transparecer toda dimensão psicológica dos personagens. Mas, seu foco não é múltiplo, mas voltado para algum personagem específico, como é o caso da personagem "Sinhazinha" no texto em questão.
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