5) (FMTM-2002) Endechas à escrava Bárbara
Aquela cativa,
que me tem cativo
porque nela vivo,
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais formosa.
Uma graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.
Vocabulário:
Endechas: Versos em redondilha menor (cinco sílabas).
Molhos: feixes.
Leda: risonha.
Vão: fútil.
Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta
amorosa das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era
considerada
a) responsável pelas contradições e insatisfações do
homem.
b) símbolo do amor erótico.
c) incapaz de levar o homem a atingir o Bem.
d) um ser impuro e prejudicial ao homem.
e) uma pessoa superior, fonte de virtudes.
No gabarito está que a resposta é a alternativa A, alguém pode me explicar por que essa é a resposta? Eu teria colocado E!
Soluções para a tarefa
Resposta:
Alternativa A
Explicação:
os sentimentos de insatisfação e contradição da natureza masculina é refletido pelas contradições da natureza da mulher amada.
Sobre a interpretação do poema “Endechas à escrava Bárbara”, podemos afirmar que a resposta correta é: responsável pelas contradições e insatisfações do homem.
- a) Correta. Na obra de Camões, a mulher amada é considerada como a responsável pelas contradições e insatisfações do homem. Podemos comprovar isso no trecho: “Aquela cativa,/ que me tem cativo/ porque nela vivo,/ já não quer que viva”. Observe que o eu lírico se revela cativo da sua amada, além de afirmar que ela não quer que ele viva nela. Assim, o seu amor não é plenamente correspondido, o que o leva a se sentir envolto em contradições e insatisfeito.
Camões
Luís Vaz de Camões foi um poeta português, representante do Classicismo. Nasceu no seio de uma família pertencente à pequena nobreza em Portugal. Autor de um dos clássicos da Literatura, o poema épico “Os lusíadas”, que narra as aventuras empreendidas por Vasco da Gama ao navegar para as Índias. Inspirada na poesia épica da Antiguidade Clássica, o poeta usa referências da Mitologia Grega na construção de “Os lusíadas”. Em termos estruturais, observa-se o uso de versos decassílabos na composição dos versos.
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