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Soluções para a tarefa
Da origem na Idade Média aos dias
atuais, a sífilis atravessa os séculos como uma das mais graves ameaças à
humanidade. E continua sendo um desafio para a medicina. No Brasil, o controle
de manifestação da doença passou a fazer parte dos programas de saúde pública.
Essa atenção é considerada tão prioritária que, desde 2011, o Ministério da
Saúde incluiu a sífilis entre as moléstias de notificação compulsória. O
acompanhamento é um passo importante, mas, quando se admite que é necessário
combater a incidência de novos casos, outras medidas se tornam urgentes e
necessárias.
Em Sorocaba, dados do Programa Municipal de DST/Aids/Hepatites Virais da
Secretaria Municipal de Saúde (SES) constataram um aumento de 25% nos casos de
sífilis em relação ao ano passado. Entre janeiro e setembro deste ano foram
registrados 189 casos de pessoas acometidas pela doença. Em 2015, no mesmo
período, foram 151. Elevação preocupante e eloquente, se for considerado que os
números, mais do que denunciar uma realidade, expressam cobranças de combate à
incidência de novos casos.
A sífilis se manifestou como epidemia na Europa do século XV. Caracterizava-se
por afetar os órgãos sexuais na forma de feridas, pústulas e corrimentos. Fez
milhares de vítimas. Na ótica da religião, em virtude da transmissão por via
sexual, a epidemia era considerada um castigo divino.
O nome da doença é inspirado no poema Syphilis sive morbus gallicus (Sífilis ou
doença francesa), de autor identificado como Francastoro, artista célebre do
Renascimento italiano. E, como numa ironia dramática, a relação de artistas
(pintores, poetas, escritores e até bandidos e poderosos) é extensa.
Entre as mais famosas vítimas da sífilis estão os poetas Charles Baudelaire e
Manuel Maria Barbosa du Bocage, os pintores Paul Gauguin e Henri de
Toulouse-Lautrec, o escritor Oscar Wilde e o gângster Al Capone. A doença matou
também Ivan, o Terrível, czar de Rússia. Outras figuras históricas e artísticas
entram na lista de suspeitos de terem sofrido desse mal: Adolf Hitler, Napolão
Bonaparte, o rei da Inglaterra Henrique VIII, Friedrich Nietzsche, Leão
Tolstói, Vincent van Gogh.
O histórico da sífilis marca uma omissão das autoridades públicas na Europa dos
séculos XVI, XVII e XVIII, com a continuidade do sacrifício de milhares de vítimas.
Na segunda metade do século XIX, as autoridades passaram a dar atenção à
doença. Nessa época, o pesquisador Louis Pasteur identificou pequenos seres
vivos presentes no organismo como responsáveis pela deflagração de moléstias. A
descoberta foi uma revolução, pois permitiu novos tratamentos. Até que, no
século XX, pesquisas indicaram a penicilina como melhor método de combate à
doença.
Diante de todo esse histórico, entre as medidas que se tornam urgentes e
necessárias na luta contra a sífilis certamente se incluem as campanhas de
conscientização para a prevenção. Os níveis requeridos para esse modelo de
iniciativa deveriam ser equivalentes às campanhas de prevenção da Aids, do
câncer de mama para mulheres e do câncer de próstata para homens.
Em Sorocaba, quem procura a rede pública para fazer exame para constatar a
existência ou não do vírus HIV no sangue também sai com o resultado para a
sífilis. Nada mais oportuno. As autoridades públicas precisam dar esse
conhecimento ao maior número de pessoas possível. Existem profissionais
competentes para a criação de mensagens de impacto e os meios de difusão de
campanhas são fartos e variados numa época como a atual, fértil em ciência e
tecnologia.
O desafio está posto num cenário em que o aumento de casos é alarmante. E ganha
impulso de grande oportunidade num momento de transição entre os governos do
prefeito Antonio Carlos Pannunzio, que está próximo de se encerrar, e o do
prefeito eleito José Crespo, que está perto de se iniciar em 1º de janeiro de
2017. Só assim o município trabalhará para que nos próximos anos a curva de alta no
número de casos de sífilis seja revertida para uma possível e pretendida
diminuição. Com saúde pública não se pode baixar a guarda, sob pena de a
população pagar a conta dos sacrifícios.