5-De que maneira acontecia as Indulgências?
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Resposta:
Muitos protestantes atuais ficam surpresos em saber que ainda hoje, em pleno século 21, as indulgências continuam a ser uma crença abraçada oficialmente pela Igreja Católica Romana. Esse dogma e suas implicações práticas desencadearam a Reforma Protestante do século 16. A maneira como isso se deu é uma história fantástica, quase inacreditável, mas que realmente aconteceu.
Uma eleição imperial
No final da Idade Média, os imperadores alemães eram eleitos por um pequeno colégio eleitoral composto de sete integrantes: três arcebispos (de Mainz, Trier e Colônia) e quatro nobres (o conde palatino do Reno, o duque da Saxônia Eleitoral, o margrave de Brandemburgo e o rei da Boêmia). Esse sistema havia sido estabelecido por um decreto datado de 1356. No início do século 16, ao se realizar uma dessas eleições, uma das famílias nobres participantes do colégio eleitoral (os Hohenzollern) teve a ideia de se apossar de um dos arcebispados, o de Mainz ou Mogúncia, que estava vago. O escolhido para tal cargo foi Alberto de Brandemburgo, irmão do referido margrave. Todavia, ele não tinha a idade mínima necessária para isso e assim foi necessário obter uma autorização especial do papa.
Indulgência, palavra que significa “tolerância”, “benevolência”, é o meio através do qual a igreja concede a remissão total ou parcial do castigo temporal devido ao pecado já perdoado. Como aconteceu com outras questões, as indulgências fizeram parte da prática católica antes de serem definidas formalmente como um dogma da igreja. Por exemplo, elas foram muito utilizadas na época das Cruzadas. Além disso, foram objeto de séria reflexão teológica por parte dos escolásticos, como Tomás de Aquino.
Finalmente, a teoria sobre a qual elas se apoiam foi definida formalmente pelo papa Clemente VI na bula “Unigenitus”, em 1343. Segundo esse documento, existe um tesouro incalculável constituído pelos méritos de Cristo, de Maria e dos santos. Esse tesouro foi confiado à igreja e colocado debaixo da autoridade do papa. Este, e os bispos autorizados por ele, podem aplicar tais méritos, através das indulgências, em benefício dos fiéis, vivos e mortos.
O questionamento protestante
Em suas teses, Lutero se manifestou contra a comercialização das indulgências. Disse ele: “Bem-aventurado é aquele que luta contra a dissoluta e desordenada pregação dos vendedores de perdões” (tese 72). Embora tecnicamente elas não pudessem ser vendidas, visto serem uma dádiva graciosa da igreja aos cristãos, esperava-se que estes ofertassem em troca uma “contribuição” para a construção da catedral. Esse termo é usado muitas vezes nas instruções dadas pelo arcebispo Alberto de Mogúncia. Havia até mesmo uma tabela variável de preços segundo a qual cada um iria contribuir de modo proporcional às suas posses. O fato é que, ao longo dos séculos, com frequência líderes eclesiásticos ambiciosos usaram esse recurso para resolver seus problemas financeiros.
Explicação:
Origens de um dogma
As indulgências são consequência de um antigo problema com que se defrontou a Igreja Católica — o que os cristãos, aqueles que renasceram através do batismo, deviam fazer em relação aos seus pecados. Para lidar com essa questão pastoral, foi articulado ao longo dos séculos o sacramento da penitência. O pecador devia mostrar-se arrependido dos seus pecados (contrição), em seguida informá-los ao sacerdote (confissão) e então receber a declaração do perdão divino (absolvição). Ao mesmo tempo devia fazer obras de satisfação (penitências), demonstrando de modo visível e concreto o seu arrependimento. Todavia, a igreja começou a fazer uma distinção entre as penas eternas e as penas temporais referentes ao pecado. A absolvição perdoava a culpa e livrava da penalidade eterna, mas as penalidades temporais permaneciam. Se não fossem pagas na terra, teriam de sê-lo no purgatório.