4. (Ufu 2017) Nas Meditações sobre a filosofia primeira, Descartes escreveu:
Mesmo que dormisse sempre, mesmo que também aquele que me criou me enganasse com
todas as suas forças, o que há nisto que não seja tão verdadeiro como eu existir?
DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. Tradução de Gustavo de Fraga.
Coimbra: Livraria Almedina, 1988, p. 125.
Tendo em vista as ideias de Descartes, responda:
a) A afirmação “mesmo que também aquele que me criou me enganasse com todas as suas
forças” diz respeito a qual argumento empregado por Descartes para levar a sua dúvida ao
extremo?
b) Considerando a possibilidade do engano, a partir das forças mencionadas no fragmento, o
que tal engano e tais forças não seriam capazes de negar?
Obrigada quem conseguir me ajudarrr!
Soluções para a tarefa
Sobre Descartes e as Meditações sobre a filosofia primeira:
a) Descartes recorre ao argumento do Deus enganador, quando afirma: “mesmo que também aquele que me criou me enganasse com todas as suas forças”, colocando também em dúvida os argumentos dos sentidos e dos sonhos.
O problema em relação ao Deus enganador é que tal argumento se desenvolve mais no campo teológico do que diretamente no campo do conhecimento, assim, Deus pode nos enganar, tanto sobre as ideias gerais da realidade ou como uma ilusão sobre a própria existência.
b) Tais forças não seriam capazes de enganar a evidência da origem de tudo. Mesmo com a possibilidade de engano, seja pelo argumento dos sonhos, ou dos sentidos, de um Deus enganador ou mesmo dos critérios dos céticos, Descartes percebe que a dúvida é produzida pelo pensamento e se ele é uma coisa que pensa, deve por evidência ser alguma coisa.
Chegou assim, a sua primeira ideia inata, a ideia do cogito, concluindo que se pensa e existe, necessita de um ser que o criou, concluindo sua segunda verdade indubitável, o argumento ontológico que é Deus, que criou o mundo e deu ao indivíduo a capacidade de pensamento e de existência.
Bons estudos!