Artes, perguntado por alanigabriely9, 6 meses atrás

4- A escultora Conceição Freitas da Silva ficou conhecida pela produção de que?
a) Bugres
b) Bailarinas
c) Anjos

Soluções para a tarefa

Respondido por himawari40
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Resposta:

Conceição Freitas da Silva (Povinho de Santiago, Rio Grande do Sul, 1914 – Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 1984). Escultora. É conhecida pela produção de “bugres”, sintéticas figuras humanas  de traços indígenas, que a levaram a ser considerada a mais importante escultora do Centro-Oeste1 e que se transformaram em ícone do Mato Grosso do Sul.

Aos seis anos, muda-se para Ponta Porã com a família e, em 1957, transfere-se para Campo Grande, onde vive até sua morte, em 1984. Trabalha na roça e dedica-se aos trabalhos manuais. “Trabalhei com figurinha de lã, trabalhei com crochê, mas minha vista cansou”, conta ela ao explicar como dá início à produção de seus bugres.

Sua primeira peça é talhada num pedaço de mandioca. “Um dia me pus sentada embaixo de uma árvore. Perto de mim tinha uma cepa de mandioca. A cepa da mandioca tinha cara de gente. Pensei em fazer uma pessoa e fiz. Aí a mandioca foi secando e foi ficando com uma cara de velha. Gostei muito. Depois eu passei para a madeira”2, diz ela enfatizando a importância do acaso e o caráter indicativo do material para o resultado do trabalho. Segundo Conceição, seus golpes de cinzel e serrote seguem informações já contidas nas toras de eucalipto; são um meio de revelar aquilo que já existe no material. “A madeira é sábia”, costuma dizer.

A relação com a natureza é preciosa, pois tudo provém dela. Além da madeira, a natureza fornece a cera de abelha e as ervas. A cera é indicada a Conceição pelo marido em sonho. Depois disso, passa a recobrir todas as esculturas que produz com ela. Além de ajudar a preservar a madeira, a cera serve para protegê-la do frio. Numa relação de proximidade e cuidado com as obras, a artista costuma colocar suas peças para tomar sol e dá a cada uma identidade própria. Conceição também se vangloria de ter aprendido com o pai a lidar com as ervas e a fazer remédios para quem necessita. “Precisamos servir nosso semelhante, a humanidade”, afirma.  

Em 1979, o cineasta Cândido Alberto da Fonseca realiza um documentário sobre a escultora, no qual estabelece conexão entre ela e suas figuras, destacando a semelhança e afetividade presentes nessa relação. “Todos me olhando, alegre e contente”, descreve ela no filme ao narrar o surgimento de suas obras. Conceição conta que muitos saem rindo e usa uma terminologia que parece a descrição de um parto. As esculturas também ganham nomes: Joaninha, Mariquinha, Chiquinho. “Aquele barrigudo é o Manequinho", brinca.  

Seu trabalho é preciso e repetitivo. Dá forma humana às toras, criando incisões e depressões que sugerem pernas, braços e olhos, sempre puxados, como os dos índios. Usa, como explica o professor Miguel Chaia (1947), "recursos mínimos para produzir uma das mais potentes formas antropomórficas da arte brasileira"3. Nas esculturas, a cabeleira pintada de negro e a cabeça reta (não ovalada) remete à ascendência indígena. Para Conceição, “índio tem a cabeça desse jeito. Só tem que sair desse jeito”4.

Suas intervenções são sutis, com poucos gestos. "São formas severas e brutas em posições rígidas, parecendo sempre fixar o espectador”, descreve o professor Percival Tirapeli (1952)5. "Algumas das características centrais de suas peças, como o corpo roliço, a posição vertical e a cabeça chata, derivam do formato original da madeira e de uma visão particular da artista sobre a aparência de seus índios.  

Como destaca Miguel Chaia, Conceição dedica-se a um único assunto e, em torno dele, desdobra infinitamente uma mesma forma e uma mesma técnica. Formalmente, há em suas obras uma aliança entre síntese e seriação que remete a escultores modernos como o franco-romeno Constatin Brancusi (1876-1957). Há, ainda, o vínculo com expressões primitivas e arcaicas, como os moais da Ilha de Páscoa, ou com arquétipos da cultura popular, como os ex-votos.  

Seu trabalho, resume Chaia, é “fundamentado na repetição da igualdade e na especificidade da diferença". Talvez por isso alcança um nível estético tão aguçado. É o que o curador chama de elo entre a estética e a ética. Afinal, há em sua produção aspectos antropológicos e políticos incontornáveis. É preciso considerar que a família da artista migra para o Centro-Oeste por causa da perseguição aos índios no Sul, em confrontos com a onda de imigração europeia no início do século XX. O significado de bugre, que a artista adota para nomear a si mesma e as suas esculturas, remete a sua origem (tribo indígena do sul do país) e àqueles perseguidos pelos bugreiros. "O termo ‘bugre’ passou a designar os índios combatidos, perseguidos e afastados do seu território", diz Chaia.

Explicação:


alanigabriely9: obrigada
himawari40: dnd
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