3 Motivos para preservar o bioma dos Campos Sulinos
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contrário do que muitos pensam, o Bioma Pampa é rico em biodiversidade. Mas nos últimos anos, todo esse patrimônio está se perdendo. A transformação dos campos sulinos em área de exploração agrícola já reduziu mais da metade do cenário campestre original do Bioma. Mas, o trabalho de pesquisa tem mostrado que a integração da atividade agropecuária com o Bioma pode permitir sua conservação. Alternativas para conservar este ecossistema foram alvo de discussões ontem (16), durante o Workshop "Estado de Conservação e Manejo da Biodiversidade nos Campos do Bioma Pampa", sediado no auditório da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS).
O evento tem relação com o projeto "Conservação, degradação e potencial de restauração de campos nativos no Bioma Pampa", da Associação sócio-ambientalista Igré, e apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A parceira com a Embrapa foi consolidada através do pesquisador Enio Sosinski, responsável por trazer para a Unidade discussões que possam dar subsídios à projetos alinhados com os objetivos de conservação do Pampa no âmbito do Código Florestal Brasileiro. De acordo com ele, as estratégias efetivas de conservação do Bioma Pampa não tem obtido sucesso - um dos maiores entraves na manutenção da biodiversidade desta área.
O responsável pelo projeto e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gerhard Overbeck, aponta que o Pampa pode conviver com a atividade agrícola, desde que, de forma adequada. Uma das formas de se conservar o Pampa é o investimento em pecuária extensiva e de intensidade intermediária. Diferente das florestas, os ecossistemas campestres do Pampa precisam de manejo para que se mantenham resguardados. Por isso, os Campos Sulinos são um dos poucos ecossistemas onde é possível aliar ganhos econômicos com a preservação dos serviços ecológicos. "Queremos avançar na formulação de estratégias de conservação e uso dos Campos Sulinos. Com o evento, buscamos integrar projetos de várias áreas que tratem da conservação do Pampa como forma de mostrar uma panorama da atual situação e do que se busca através da pesquisa", aponta Overbeck.
Recursos Genéticos
A Embrapa se fez presente em várias frentes durante o evento. O pesquisador Gustavo Heiden falou sobre os recursos genéticos vegetais do Pampa, abordando a história natural deste Bioma e as espécies de plantas com potencialidades de usos pelo homem, como frutíferas nativas, forrageiras, plantas medicinais, aromáticas e ornamentais, além de parentes silvestres de variedades já cultivadas.
É o caso de espécies nativas de batata, amendoim e batata-doce, por exemplo, que podem ser usadas no melhoramento de cultivares. De acordo com o pesquisador, a Embrapa já desenvolve trabalhos concretos na área de conservação ex situ - fora do lugar de origem - através de bancos de germoplasma de batata e de frutas nativas. Além da própria conservação in situ - espaço nativo das plantas -, realizada, por exemplo, em uma área de butiazal no município de Tapes/RS, que conta com mais de 400 espécies de plantas.
Segundo Heiden, explorar maneiras de se obter retorno financeiro com o manejo dos campos é uma forma de assegurar sua conservação, já que criar reservas legais em todos os ambientes é inviável. "Não existem recursos para transformar todas as áreas em áreas de conservação. E pelo que se tem visto, isso não é o mais adequado. Os campos nativos exigem manejo, seja pela atividade humana ou pela presença do gado. Se o campo ficar inerte, algumas espécies acabam se perdendo porque outras vão ter domínio sobre elas. É uma questão ecológica, de funcionamento do campo", salienta.
Estado de conservação
Para o pesquisador da Rede Campos Sulinos, Eduardo Vélez Martin, O Pampa é o único Bioma brasileiro onde existe possibilidade de se desenvolver a atividade agropecuária sem degradação da natureza. O Pampa é considerado pequeno em comparação a outros Biomas brasileiros, mas, em termos proporcionais, é o segundo mais degradado do país, perdendo apenas para a Mata Atlântica. Dados como este foram apresentados por Martin em sua palestra, quando ressaltou o estado de conservação dos campos - o principal ecossistema do Pampa.
O problema, de acordo com ele, é que a última avaliação oficial da área de campos sulinos foi feita em 2002. Por isso, mesmo que haja conhecimento de que a área nativa venha diminuindo, é difícil se ter uma estimativa. "Precisamos ter um monitoramento mais frequente, como na Amazônia, por exemplo. Porque isso é que permite o desenvolvimento de políticas para deter essa perda", aponta.
Uma das dificuldades para monitoramento e regulação destas áreas tem origem política e jurídica - aspectos que também estiveram no centro dos debates.
O evento tem relação com o projeto "Conservação, degradação e potencial de restauração de campos nativos no Bioma Pampa", da Associação sócio-ambientalista Igré, e apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A parceira com a Embrapa foi consolidada através do pesquisador Enio Sosinski, responsável por trazer para a Unidade discussões que possam dar subsídios à projetos alinhados com os objetivos de conservação do Pampa no âmbito do Código Florestal Brasileiro. De acordo com ele, as estratégias efetivas de conservação do Bioma Pampa não tem obtido sucesso - um dos maiores entraves na manutenção da biodiversidade desta área.
O responsável pelo projeto e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gerhard Overbeck, aponta que o Pampa pode conviver com a atividade agrícola, desde que, de forma adequada. Uma das formas de se conservar o Pampa é o investimento em pecuária extensiva e de intensidade intermediária. Diferente das florestas, os ecossistemas campestres do Pampa precisam de manejo para que se mantenham resguardados. Por isso, os Campos Sulinos são um dos poucos ecossistemas onde é possível aliar ganhos econômicos com a preservação dos serviços ecológicos. "Queremos avançar na formulação de estratégias de conservação e uso dos Campos Sulinos. Com o evento, buscamos integrar projetos de várias áreas que tratem da conservação do Pampa como forma de mostrar uma panorama da atual situação e do que se busca através da pesquisa", aponta Overbeck.
Recursos Genéticos
A Embrapa se fez presente em várias frentes durante o evento. O pesquisador Gustavo Heiden falou sobre os recursos genéticos vegetais do Pampa, abordando a história natural deste Bioma e as espécies de plantas com potencialidades de usos pelo homem, como frutíferas nativas, forrageiras, plantas medicinais, aromáticas e ornamentais, além de parentes silvestres de variedades já cultivadas.
É o caso de espécies nativas de batata, amendoim e batata-doce, por exemplo, que podem ser usadas no melhoramento de cultivares. De acordo com o pesquisador, a Embrapa já desenvolve trabalhos concretos na área de conservação ex situ - fora do lugar de origem - através de bancos de germoplasma de batata e de frutas nativas. Além da própria conservação in situ - espaço nativo das plantas -, realizada, por exemplo, em uma área de butiazal no município de Tapes/RS, que conta com mais de 400 espécies de plantas.
Segundo Heiden, explorar maneiras de se obter retorno financeiro com o manejo dos campos é uma forma de assegurar sua conservação, já que criar reservas legais em todos os ambientes é inviável. "Não existem recursos para transformar todas as áreas em áreas de conservação. E pelo que se tem visto, isso não é o mais adequado. Os campos nativos exigem manejo, seja pela atividade humana ou pela presença do gado. Se o campo ficar inerte, algumas espécies acabam se perdendo porque outras vão ter domínio sobre elas. É uma questão ecológica, de funcionamento do campo", salienta.
Estado de conservação
Para o pesquisador da Rede Campos Sulinos, Eduardo Vélez Martin, O Pampa é o único Bioma brasileiro onde existe possibilidade de se desenvolver a atividade agropecuária sem degradação da natureza. O Pampa é considerado pequeno em comparação a outros Biomas brasileiros, mas, em termos proporcionais, é o segundo mais degradado do país, perdendo apenas para a Mata Atlântica. Dados como este foram apresentados por Martin em sua palestra, quando ressaltou o estado de conservação dos campos - o principal ecossistema do Pampa.
O problema, de acordo com ele, é que a última avaliação oficial da área de campos sulinos foi feita em 2002. Por isso, mesmo que haja conhecimento de que a área nativa venha diminuindo, é difícil se ter uma estimativa. "Precisamos ter um monitoramento mais frequente, como na Amazônia, por exemplo. Porque isso é que permite o desenvolvimento de políticas para deter essa perda", aponta.
Uma das dificuldades para monitoramento e regulação destas áreas tem origem política e jurídica - aspectos que também estiveram no centro dos debates.
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