3)Leia o texto a seguir para responder à questão:
Papos
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Pois esqueça - o e pára - te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem - me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes - lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou"esqueça"? Ilumine - me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por quê?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva 2001, p. 65-6.
As construções “Matar-lhe-ei-te”, “Sabes-lo”, “Ensines-lo-me” e “esqueci-lo” não existem em português, nem na norma culta e muito menos na norma popular. No texto, portanto, elas têm uma função especial, que é:
•
identificar as características principais do personagem: ele é chato e gosta de parecer elitista.
•
ironizar o falso conhecimento que o outro personagem tem das regras de colocação pronominal.
•
provocar efeito de humor com as dificuldades que o personagem tem na colocação de pronomes.
•
demonstrar que as regras de colocação pronominal em língua portuguesa são ilógicas e sem utilidade.
Soluções para a tarefa
Respondido por
67
A resposta correta com certeza é: . ironizar o falso conhecimento que o outro personagem tem das regras de colocação pronominal.
Respondido por
10
ironizar o falso conhecimento que o outro personagem tem das regras de colocação pronominal.
CORRETA
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