3. As péssimas condições em que viviam os trabalhadores na Inglaterra inspiraram outros grupos a buscar soluções mais adequadas às relações de trabalho. Eram evidentes as desigualdades sociais: uma grande parte da riqueza concentrada nas mãos de poucos homens e uma massa enorme de trabalhadores, muitos deles na miséria. Sabendo disso, diferencie o socialismo e o anarquismo.
Soluções para a tarefa
O termo “Socialismo” abrange as diferentes correntes de pensamento que propuseram caminhos para a construção da sociedade comunista. Embora historicamente as experiências socialistas sejam identificadas com o comunismo, conceitualmente os termos socialismo e comunismo não são a mesma coisa. Existem dois tipos principais de socialismo, sendo:
---> Socialismo utópico: Os primeiros socialistas ficaram conhecidos como utópicos. Essa denominação surgiu a partir da crítica que socialistas posteriores, sobretudo Marx e Engels, fizeram a seu pensamento. Eles elaboravam soluções para os problemas trazidos pela revolução industrial tendo em vista a convivência mútua entre todos os membros da sociedade, a partir da partilha comum de bens.
Henri de Saint Simon (1760-1825), por exemplo, defendia a tecnocracia como forma de governo e foi o primeiro teórico a utilizar o termo socialismo. Era contra a formação de uma sociedade ociosa e a exploração econômica de grupos de indivíduos sobre outros.
A proposta desses socialistas foi criticada como utópica pois propunha novos modelos de organização social sem fazer uma interpretação mais aprofundada da sociedade em que viviam. Eram vistos como meros “reformadores” da sociedade capitalista.
Podemos afirmar então que o socialismo utópico é caracterizado por:
--> Buscar a união entre as classes
--> Promover a cooperação entre as classes nas relações de trabalho
--> Buscar a igualdade combatendo a desigualdade social
---> Socialismo científico: O Socialismo Científico foi elaborado e lançado por Marx e Engels. Sua proposta era superar o sistema capitalista a partir de uma compreensão científica de seu funcionamento. Essa abordagem ficou conhecida como Materialismo Histórico Dialético.
Por meio dessa concepção, os autores propõem a teoria de que as sociedades se estruturam a partir de suas relações materiais de produção. Tais relações sempre colocariam duas classes em conflito, e a partir desse conflito, ou luta de classes, as relações de produção seriam transformadas ao longo da história.
Seria esse processo que tornaria possível, por exemplo, a transição do sistema feudal para o sistema capitalista de produção. No capitalismo, segundo Marx, caberia à classe trabalhadora (proletários) a superação das relações capitalistas de produção, avançando para uma sociedade comunista onde não haveria mais classes sociais.
Para o autor, somente por meio de um governo socialista as desigualdades de classe deixariam de existir, com a abolição da propriedade privada dos meios de produção por meio do poder político. Assim a riqueza seria dividida igualitariamente entre os trabalhadores, em um processo de gradativa transição até a sociedade comunista.
Assim o socialismo científico se caracteriza pela:
--> abolição das classes sociais
--> Abolição da propriedade privada
--> Socialização dos meios de produção
--> Economia planificada
--> Abolição da diferenciação entre trabalho intelectual e trabalho material
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Anarquismo: Para compreender quais são as características do anarquismo, é preciso retomar a sua história. No início do século XX, principalmente durante a Revolução Russa de 1917, a ideologia da anarquia ganhou diversos seguidores — fortalecida pelos ideais iluministas —, sobretudo os trabalhadores europeus que eram submetidos a longas jornadas de trabalho em sistemas vulneráveis e insalubres.
Dessa forma, com o intuito de conter a revolução, diversos governos e opositores disseminaram a ideia de que o anarquismo era um movimento criado para quebrar com as regras sociais, tirando a ordem e instalando o caos na sociedade.
Assim, a oposição política e social conseguiu consolidar-se ao longo do século XX, colocando o anarquismo de lado e investindo no estereótipo radical. É importante você ter em mente que esse modelo, mesmo que defenda uma sociedade sem governo, não atua de forma desorganizada, como comentamos, mas sim livre de hierarquização e restrições sociais.
Para facilitar a compreensão, listamos as principais características do anarquismo abaixo:
▬ é um movimento antiautoritário;
▬ baseia-se na perspectiva do humanismo, que defende que os grupos sociais têm capacidade de serem autônomos e organizados sem a hierarquia;
▬ preza pela liberdade individual e coletiva, igualdade e solidariedade, isto é, o desenvolvimento do pensamento crítico, as questões econômicas, políticas e sociais e o apoio mútuo entre as pessoas estruturam uma sociedade justa;
▬ quer o fim do Estado e seus poderes;
▬ critica o capitalismo e suas formas de coação, assim como as classes sociais originadas nesse modelo;
▬ é contra a monopolização das propriedades, tanto públicas quanto privadas;
▬ exige o senso ético e solidário entre a comunidade;
▬ organiza a sociedade com base nas necessidades de cada comunidade.
Indo por outro caminho, o anarquismo coletivista pensa justamente o contrário: o combate ao controle estatal e às regras do capitalismo só pode acontecer quando existe um coletivo, uma comunidade com interesses em comum.
Ainda, eles afirmam que o anarquismo individualista pode remeter à lógica capitalista, que considera as vontades individuais acima dos desejos do povo. Por isso, a grande maioria adepta ao movimento faz parte do anarco-coletivismo.
Vale também mencionar uma outra vertente, o anarcocapitalismo, que é um conceito que vem cada vez mais ganhando notoriedade nos dias atuais. Os anarcocapitalistas defendem uma sociedade com uma ordem também sem Estado, e não regida pelo caos. Eles entendem que haveria uma organização natural, ou voluntária, denominada Ordem Livre ou Ordem Natural.
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No entanto, existem diferenças entre os três, sendo que a principal delas é em relação ao Estado. Enquanto que o socialismo e o comunismo têm a intenção de alterar os poderes do Estado, garantindo mais direitos e deveres para os cidadãos, o anarquismo pretende retirar totalmente a figura estatal e dar esse poder para o povo.
Anarquismo individualista
Esse modelo de anarquia afirma que a coletividade pode ocasionar um autoritarismo, colocando, então, as vontades individuais acima dos desejos coletivos. Em outras palavras, os anarquistas que seguem essa vertente consideram que, quando um grupo com pensamentos em comum se junta, pode exercer uma autoridade sobre os demais, entrando na mesma lógica estatal de que tentavam fugir.