2 - (UFSC/2008) REZENDE, A. P. ; DIDIER, M. T. Rumos da História. São Paulo: Atica, 2001. P. 624. Voava-se o vôo 254 na noite de 27 de maio de 1984. Exatamente um mês e dois dias antes, ou seja, a 25 de abril, travou-se a penúltima batalha entre Nação e Ditadura, ocasião em que esta, uma vez mais – a última vez –, derrotara aquela, manobrando com suspeita habilidade no Congresso Nacional para que fosse rejeitada uma emenda à Constituição que restabeleceu o voto direto dos cidadãos para a próxima escolha do presidente da República. NEVES, Amilcar. Relatos de sonhos e de lutas. São Paulo: Estação Liberdade: Fundação Nestlé de Cultura, 1991. P. 62. No final da década de 1970, o Brasil começa a viver o processo de redemocratização. Com base nessa afirmação e no texto acima, comente sobre a Campanha Diretas-Já e sua relação com o contexto polí- tico, social e econômico da época.
Soluções para a tarefa
Resposta:
O movimento das Diretas Já está inserido historicamente no processo de abertura política iniciado durante o Governo Ernesto Geisel (1974-1979). Foi uma abertura “lenta, gradual e segura”, ou seja, controlada pelos militares. Ao mesmo tempo que se permitia maior liberdade de ação dos opositores à ditadura, esse movimento era contido caso os militares percebessem que a “segurança nacional” fosse abalada.
A economia brasileira não estava passando por bons momentos. A inflação bem como a dívida externa trouxeram problemas para as finanças do país. O reflexo disso foi o encarecimento do custo de vida da população, que já demonstrava sua insatisfação com a ditadura militar. Essa insatisfação foi canalizada nas manifestações pelas eleições diretas. A sociedade brasileira estava exausta com os desmandos dos militares no poder.
Explicação:
Com o agravamento da crise econômica ao final do governo militar, o movimento das Diretas Já teve uma grande mobilização de entidades de classe e sindicatos.
A primeira assembleia das Diretas Já data março de 1983, no estado de Pernambuco. Entretanto, o presidente da ditadura militar Ernesto Geisel já havia iniciado o processo de abertura política brasileira, com o fim do AI-5 em 1978. João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, se comprometeu a continuar com o processo.
Em 1979, Figueiredo assumiu a presidência e aprovou a lei da anistia. Considerada fundamental para a transição pacífica no país, anistiou tanto militares envolvidos na repressão como guerrilheiros socialistas, apesar das duras críticas.
Foram diversas assembleias em todo o país solicitando a redemocratização. Várias parcelas da população estavam a favor do movimento, pois o regime militar havia perdido o prestígio da população. A crise inflacionária de 1983, aliado a políticas protecionistas, criou uma reserva de mercado e uma dependência estatal no país, mesmo com a alta criação de empregos.
A população não sentia a prosperidade de alguns setores e seus salários se mantiveram baixos devido a uma política salarial restritiva, o que concentrou a renda e aumentou a desigualdade social.
O Projeto de Emenda Constitucional do deputado Dante de Oliveira (PEC 05/1983) propôs a alteração da eleição indireta para a forma direta, começando assim o movimento.
Tancredo Neves, Franco Montoro e Ulysses Guimarães foram os personagens principais das Diretas Já juntamente com outros políticos, intelectuais e artistas.
Foram realizadas assembleias em todo o país com intensa participação popular. A ala dura dos militares não concordava com a devolução do poder aos civis, entretanto o presidente militar Figueiredo alertou que "quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento".
Evitando empoderar as alas duras contra o movimento, as Diretas Já evitaram o uso de bandeiras vermelhas e que fizessem alusão ao comunismo, além dos líderes buscarem diálogo com os militares para a promoção pacífica das assembleias.
Apesar de todo o apoio popular, a PEC não foi aprovada e ao fim do governo de Figueiredo ocorreu uma escolha indireta pelo Colégio Eleitoral. Tancredo Neves, ex-ministro do governo Vargas, foi o primeiro presidente civil eleito após a ditadura, ainda pelo voto indireto. Participava da chapa de oposição aos militares.