2 poesias ou poemas de miguel jorge
Matéria: Literatura
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OS VENTOS
Ritmo louco, os ventos. Pontas finas de lâminas
frias, sanhas de asas verdes de canas.
O que vai e vem os ventos levam sobre areias,
sobre pedras, difícil é sair de suas aragens.
(De curta emboscada, os ventos, é certo que fascinam)
Bicho de céu e chão, poderiam voar mais alto
como os pássaros à caça, a presa e suas garras.
Bate forte o vento sobre as portas nuas das barcas,
e se inclina ao fogo, nascido nas manhas de domingo.
De extintas casas, nascem os ventos, trilhos por onde
nunca se passam. Tudo é ácido, e é doce, e é crível:
o levantar de voos de promíscuas palavras.
E bate, e bate forte esse cavalovento. Pupilas que
se cruzam pelas pontes, clareiras de raízes que se perdem,
crinas acinzentadas atravessam os astros.
Bate e bate esse pássarovento inventando nomes
assassinados. Verdes frutos que o orvalho guarda
sob as pálpebras, e outras águas devoram.
2:
DEVORAÇÂO DOS DIAS
Como não devorar esses dias,
(consciência de mim), se ao nascerem
em mim, em mim se devoram?
Antes saber guardá-los, colher
o que nunca se sabe ou se adivinha.
Debruçam-se em gritos esses janeiros,
os sonhos maiores do que Andaluzia.
Pois aqui, nesta paisagem fria, debatem-se os
medos, mistérios incorporados a outros dias.
Melhor sonhar com amores imaginados como se é preciso.
Pois livres estão os touros, os mouros a se matar pelas favelas.
Talham-se corpos a ponta de faca, as bocas secas apagam
as flores azuis dos muros. Os pássaros ficam
à espera de que nunca anoiteça e vagam doídos
pelas ruínas.
Nunca se sabe dos passos dessas noites,
se não se veem as portas abertas dos dias.
Difícil fechar o mar, espesso modo de agonia.