Português, perguntado por hellemkemily18, 6 meses atrás

2. Como os temas escolhidos pelos poetas do Simbolismo interagem com o contexto histórico do momento
em que foi criado?​

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Respondido por grazyellerangel91
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Contexto histórico

A força do Simbolismo está no arrefecimento das correntes materialistas e cientificistas. É o auge da evolução burguesa, com a disputa das grandes potências pela diversificação de mercados, de consumidores e matéria-prima.

O processo industrial é alavancado pela unificação da Alemanha, em 1870, e da Itália, no ano seguinte. É o momento do neocolonialismo que fragmenta a África e a Ásia para as grandes potências mundiais.

Também esse é o momento em que se projetam os fatores que irão desencadear a Primeira Guerra Mundial.

Nas artes, a projeção é de frustração, medo e desilusão, e o Simbolismo surge como uma forma de negar a realidade objetiva. Renascem, assim, os ideais espiritualistas.

O Simbolismo passa a ser a rejeição ao mecanicismo, por meio do sonho, da tendência cósmica e do absoluto. Abrange a camada da sociedade que está à margem do processo de avanço tecnológico e científico, promovido pelo capitalismo.

O movimento é marcado pela busca do homem pelo sacro e de um sentimento de totalidade, que faz da poesia uma espécie de religião.

Principais autores do Simbolismo

Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens foram os principais representantes do Simbolismo no Brasil.

Em Portugal, Eugênio de Castro foi o responsável por inaugurar a nova escola literária.

Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa (1861-1898) apresenta na sua obra o vocabulário litúrgico e a obsessão pela cor branca.

São suas obras: Broquéis (1893), Missal (1893), Evocações (1898), Faróis (1900), Últimos Sonetos (1905).

ACROBATA DA DOR

Gargalha, ri, num riso de tormenta,

como um palhaço, que desengonçado,

nervoso, ri, num riso absurdo, inflado

de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,

agita os guizos, e convulsionado

Salta, gavroche, salta clown, varado

pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!

Vamos! reteza os músculos, reteza

nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,

afogado em teu sangue estuoso e quente,

ri! Coração, tristíssimo palhaço.

(Publicado no livro Broquéis)

Alphonsus de Guimaraens

Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) tratou de apenas uma temática nos seus poemas: a morte da amada.

São suas obras: Septenário das Dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pauvre Lyre (1921), Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923).

XXXIII - ISMÁLIA

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

(Publicado no livro Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte)

Eugênio de Castro

Eugênio de Castro (1869-1944) tem a sua obra dividida em duas fases: simbolista e neoclassicista.

São suas obras: Oaristos (1890), Horas (1891), Interlúnio (1894), Salomé e Outros Poemas (1896), Saudades do Céu (1899).

UM SONHO

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...

O sol, celestial girassol, esmorece...

E as cantilenas de serenos sons amenos

Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...

As estrelas em seus halos

Brilham com brilhos sinistros...

Cornamusas e crotalos,

Cítolas, cítaras, sistros,

Soam suaves, sonolentos,

Sonolentos e suaves,

Em Suaves,

Suaves, lentos lamentos

De acentos

Graves

Suaves...

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse

E o sol, o celestial girassol, esmorece,

Deixemos estes sons tão serenos e amenos,

Fujamos,Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...

Uns com brilhos de alabastros,

Outros louros como nêsperas,

No céu pardo ardem os astros… (...)

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