1º. O Brasil foi jogar bola no Haiti e isso não teve nada a ver com preparação para a próxima Copa. Quem estava em campo era a diplomacia. Para comprovar, basta ver a cobertura da televisão: em vez da Fifa, era a ONU que aparecia nas imagens. No lugar do centroavante, era o presidente do país que atraía a atenção dos repórteres. Não foi a primeira nem será a última vez em que futebol e política se misturaram. É por causa dessa proximidade que alguns estudiosos olham para o gramado e enxergam um retrato perfeito da sociedade. A bola está na moda entre os analistas políticos.
2º Se 22 jogadores em campo podem resumir o mundo, surge então a dúvida: por que justamente o futebol, e não o cinema ou a literatura? “A arte sempre será produto da imaginação de uma pessoa. O futebol é parte da comunidade, da economia, da estrutura política. É um microcosmo singular”, diz um jornalista americano. Não apenas singular, mas global. É o esporte mais popular do planeta. Uma fama, aliás, que tem razões pouco esportivas. “O futebol nasceu na Inglaterra numa época em que os ingleses tinham um império e viajavam por muitos países. Ferroviários levaram a bola para a América do Sul, petroleiros para o Oriente Médio”, acrescenta ele.
3º. Mas é preciso não confundir o papel do esporte. Ele faz entender, mas não muda o mundo. “Não se trata de uma força revolucionária capaz de transformar uma nação. É apenas um enorme espelho que reflete a sociedade em que vivemos”, diz outro especialista.
4º. Em 1990, quando o Brasil, sob a tutela de Sebastião Lazzaroni, foi eliminado da Copa, o presidente era Fernando Collor. Além de contemporâneos, eles foram ícones de uma onda que varreu o país na virada da década: a febre dos importados. Era uma fase em que se idolatrava o que vinha de fora – a solução dos problemas estava no exterior. Motivos existiam: com o mercado fechado aos importados, a indústria estava obsoleta e pouco competitiva. O estilo futebol-arte da seleção, por sua vez, completava 20 anos de frustrações em Copas. Collor e Lazzaroni bancaram o risco. Enquanto o presidente prometia revolucionar a economia com tecnologia estrangeira, o treinador se inspirou numa tática européia, colocou um líbero em campo e a seleção jogou na retranca. O resultado todos conhecem.
(Gwercman, Sérgio. Como o futebol explica o mundo. Superinteressante, São Paulo, num.205, p. 88 e 90, out. 2004. Com adaptações).
A frase que sintetiza o assunto do texto é:
(A) O esporte pode mudar os rumos da diplomacia internacional.
(B) A transmissão pela televisão valoriza uma competição esportiva.
(C)) O futebol pode ser visto como reflexo do mundo e da sociedade.
(D) A mistura de futebol e política é vista com desconfiança por analistas.
drifilosofia:
a resposta correta é a letra C.
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(C)) O futebol pode ser visto como reflexo do mundo e da sociedade.
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