“1958 foi o ano em que o Brasil conquistou a Copa do Mundo pela primeira vez: ra Suécia jogando contra os próprios Suecos.
Foi também a consagração de um garoto de 17 anos: o príncipe Pelé.
o cronista António Maria presenciou e registrou a euforia popular, que se repetiu pela quarta vez em 1994 com a conquista do tetra.”
Campeonato do Mundo, Copacabana e Felicidade
Linda, a tarde de Copacabana, no dia da vitória!
Não me lembro de ter visto outra demonstração coletiva de alegria nacional. Ou vi, na Bahia em 1945, quando foi assinado o armisticio e o povo foi, em massa, cantando e dançando, carregando água, flores e extratos, para lavar a Igreja do Bonfim. De lá para cá, só vi povo reunido em casos de consternação, como nos enterros de Francisco Alves, Getúlio Vargas e Carmem Miranda.
Tão cedo não se repetirá um domingo como foi o de Copacabana, desde que começamos a ganhar de 2 x 1. Homens e mulheres, de mãos dadas, amavam-se sem se conhecer. Inimigos se perdoavam e se abraçavam felizes. pelas ruas e calçadas. Confesso que tive medo de encontrar os meus desafetos e, num arroubo, abraçar e ser abraçado. Que é que iria fazer, na segunda-feira, com eles outra vez na minha intimidade? Graças a Deus, não os vi e saí das comemorações com o mesmo e prezado número de inimizades do meu dileto acervo.
Copacabana estava clara é ruidosa. As ruas sempre foram sujas, mas estavam sujas de branco, porque atiraram papéis das janelas, e, de branco, forraram o asfalto onde o povo dançava. Em todos os homens descobria-se a impressão de que se sentiam subitamente sem culpas e sem remorsos. Todos se haviam perdoado em si mesmos e se acreditavam perdoados pelo próximo, que passava a cantar.
O domingo exaltado de Copacabana oferecia a cada um a oportunidade de viver a alegria, dali por diante. Mas isto seria impossível, porque no destino os acontecimentos sabem muito pouco a campeonatos do mundo.
-Muitas coisas engraçadas pela rua. Começaram a aparecer listas. Uma delas arrecadava dinheiro para os filhos de Pelé. Quando o assinante afirmava que Pelé não tinha filhos, o dono da lista argumentava:
-Não tinha até agora. Mas depois desses dois gols vocês vão ver.
Essas listas corriam as mãos do povo ( e todos sabiam disso ) para que fosse possível comprar mais aguardente è cerveja.. Era justo que todos bebessem. A vida estava linda, transitoriamente linda, e dali a pouco cairiam em sua sombra costumeira. Todos voltariam a sentir o cansaço anterior, à medida que se fossem habituando com a novidade de sermos campeões do mundo.
Então, cuidou-se de beber e comer o mais possível. Era uma bonança ver ou imaginar pessoas de caixas altas e baixas com um motivo só de alegria. (...) Um bêbado passou vociferando: "Ah, se eu encontrasse um sueciano!”.
Perguntas:
1) Segundo o autor, que outro acontecimento provocou no povo brasileiro a mesma euforia coletiva da Copa do Mundo?
2) Episódios posteriores reuniram os brasileiros mais vezes, mas em razão de consternação, quais foram?
3) Naquele alegre domingo, em Copacabana, desconhecidos amavam-se de mãos dada, perdoavam-se, abraçavam-se... Por que, segundo o autor, seria impossível viver assim feliz dali por diante?
4) No campeonato de 1958, Pelé ainda não completara 18 anos e era solteiro. O que se entende na expressão: “-Não tinha (filhos), até agora. Mas depois desses dois gols vocês vão ver.”?(responda com tuas palavras)
5) Para que serviam as listas que corriam nas ruas de Copacabana durante a comemoração?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Desde a Copa do Mundo de 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai, dentro de um Maracanã completamente lotado, o "complexo de vira-latas" traduzido por Nelson Rodrigues em suas crônicas tomou conta do país e, claro, do futebol brasileiro.
O sentimento de certa inferioridade e de "medo" de decidir em momentos importantes foi carregado por oito anos, até a Copa do Mundo da Suécia, quando a equipe comandada pelo treinador Vicente Feola e por um certo jogador de apenas 17 anos chamado Pelé conquistou o mundo pela primeira vez.
O Brasil era um país de terceiro escalão, pouco conhecido mundo a fora e quase que ainda rural, no entanto, a conquista do primeiro mundial aliado ao progresso do país durante o governo de Juscelino Kubitschek trouxe orgulho e esperança para o povo brasileiro.
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em 1958, Jucelino, o presidente que havia prometido o progresso de "cinquenta anos em 5", entrava em seu terceiro ano de governo, Brasília estava sendo criada no cerrado, a Ford inaugurava a sua primeira fábrica no país e a Bossa Nova começava a fazer sucesso. Bons presságios para quem buscava se afirmar no cenário nacional e internacional.
Goal 50 Revelado: Os 50 Melhores Jogadores do Mundo
Pele 1958
(Foto: Arquivo CBF)
Enquanto isso, na Suécia, um jovem de 17 anos e um homem de pernas tortas barbarizavam as defesas adversárias e caminhavam a passos largos para exterminar de vez o tal complexo de vira-latas. E não deu outra, no dia 29 de junho de 1958, os 5 a 2 diante dos donos da casa marcaram de vez a virada do Brasil no futebol e na economia.
Naquela época, haviam com poucas tvs pelo Brasil, o povo acompanhou a conquista pelo rádio, mas nem isso impediu que os brasileiros se unissem, já que os torcedores se reuniam nas ruas próximas aos alto-falantes colocados em frente a jornais e estações de rádio. Somente um mês depois foi possível assistir por imagens, a filmagem do jogo foi parar nos cinemas e as pessoas viam até mais de cinco vezes.
Brasília
(Foto: Arquivo público Distrito Federal)
Eram tempos eufóricos, no embalo de um povo feliz e orgulhoso, o Brasil viveu um momento de ouro em sua história. Dois dias depois da conquista, Juscelino Kubitscheck, que virou JK, assim como era carinhosamente chamado, inaugurou o Palácia da Alvorada, o primeiro marco da nova capital do país.
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O Brasil acelerava a sua industrialização, o fogão a gás, o chuveiro elétrico, o bombril, a caneta esferográfica, o carro nacional, um arquiteto-gênio chamado Oscar Niemeyer, a Bossa Nova, o teatro e o cinema nacional avançavam e ganhavam prêmios. Os investimentos do Estado em energia elétrica, transportes, construção e modernização de portos e estradas se multiplicaram.
Brazil 1958 World Cup Champion 29061958
(Foto: Acervo memória / CBF)
No cenário esportivo, a vitória da Seleção Brasileira no futebol inspirou os atletas brasileiros que passaram a conquistar títulos em outros esportes. A tenista Maria Esther Bueno faturou o seu primeiro Grand Slam em 1958, aos 19 anos.
O time de basquete brasileiro e o pugilista Éder Jofre também chegaram ao topo e faturam o título mundial nos anos seguintes. Uma verdadeira onda de otimismo e confiança se espalhou pelo esporte e pela população nacional ao passo de que o mundo, enfim, descobriu o Brasil a partir daquele 5 a 2 diante dos suecos, em Estolcomo.
Explicação: