10) Os alimentos contidos na cesta básica independem da atuação profissional do agrônomo.
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Resposta:
Roberto Rodrigues
QUANDO olhamos para os últimos 80 anos da história brasileira, encontramos, na base do nosso progresso, um formidável avanço tecnológico na agronomia. Foi ela que abriu os horizontes de nossa agricultura e, a partir daí, criou o mercado para os produtos industriais e serviços da moderna economia.
Se não fosse a tecnologia agronômica, nossa poderosa indústria citrícola não existiria: os pomares teriam desaparecidos nos anos 40, destruídos pela "tristeza". Os canaviais teriam sido eliminados pelo carvão e pelo mosaico nos anos 50. Os cafezais, nos anos 60, pela ferrugem. Não teríamos o milho híbrido nem o melhoramento do algodão. A soja não progrediria tanto com as novas variedades. Frutas, verduras e flores não teriam se desenvolvido da mesma forma.
Para onde quer que voltemos nossos olhos - grãos, raízes, fibras, frutas, legumes, pastagens, florestas - encontramos o testemunho formidável do trabalho dos engenheiros agrônomos, estes heróis que, somando sua luta à dos agricultores brasileiros, construíram o Brasil, hectare por hectare, semente por semente, décadas e décadas de anônima dedicação.
Só por isto, por seu esforço nas áreas de pesquisa, ensino, extensão, produção, deveriam ser respeitados, admirados e decantados pela sociedade urbano-industrial de hoje. Mas não o são. Já foram, em passado recente, quando, nas cidades do interior, o agrônomo era tão importante quanto o juiz, o promotor, ou o presidente da Câmara Municipal. Por que isto mudou? O que mudou? Por que perderam valor perante os olhos dos cidadãos urbanos? E, mais ainda, o que fazer para resgatar esta verdade? Esta justiça?
Afinal, os agronegócios representam 21% do PIB nacional, ou 25% do total de produção do país. Empregam 37% dos trabalhadores brasileiros e correspondem a 40% das nossas exportações, sendo o único grande setor superavitário da balança comercial. São, portanto, o maior negócio do país. E têm a maior importância social, pela geração de empregos.
No entanto, falta o proporcional peso na política: o agronegócio perdeu poder político, apesar de as lutas de alguns parlamentares que representam com dignidade o setor no Congresso Nacional. A agricultura perdeu poder político. Os agricultores perderam espaço, superados que foram por outros setores mais ágeis e melhor organizados. Daí a diminuição da importância social do agricultor e do técnico do setor. Eles são os condutores deste segmento politicamente decadente, apesar de a força social e econômica que detêm. Portanto, só a valorização do setor rural poderá catapultá-los para o espaço a que fazem jus, e ao qual têm pleno e legítimo direito.
Para encaminhar esta questão, é preciso compreender o que vem acontecendo: o dia em que caiu o Muro de Berlim representou uma data emblemática para a humanidade. É possível dizer que não houve um único cidadão do planeta que tenha escapado das conseqüências daquela efeméride. Longe da realidade está quem imagina que ali só se desvaneciam os sonhos utópicos do comunismo. Ou que estava proclamada a vitória do capitalismo. Longe, muito longe, disso.
Naquela data, dois veteranos conhecidos do homem se uniram em um matrimônio assustador: a globalização, velha senhora que vinha operando desde os vikings, com o liberalismo, ancião que já assombrara a Europa em outras eras. E esta veterana dupla pariu duas bestas apocalípticas que passaram a galopar sem bridão pelo mundo afora, destruindo esperanças, destroçando instituições e estruturas consolidadas e apeando governos das mais diversas colorações: a concentração de riqueza e a exclusão social, gêmeas e inseparáveis irmãs, que chegam ao início do terceiro milênio como a maior ameaça às democracias.
A agricultura brasileira não escapou da sanha de ambas, porque as conheceu juntamente com outras duas mudanças que ocorreram intramuros: a estabilização da moeda e a falência das políticas públicas para o campo, tudo no começo dos anos 90.
Esta louca mudança de cenários em curto espaço de tempo (de um país fechado com alta inflação e governo intervencionista, para um país "arrombado" comercialmente, com inflação civilizada e Estado falido) levou o setor rural a sofrer uma perda de renda insuportável. No gráfico 1, preparado a partir de dados da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, é mostrado com clareza que entre 1980 e 2000, embora a área plantada no país não tenha crescido, os agricultores incorporaram tecnologia, aumentaram a produtividade por área e levaram a produção física a um incremento de 40%. No entanto, o valor desta produção assim acrescida, caiu, no mesmo período, outros 40%.
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