História, perguntado por oliveiraclara226, 6 meses atrás

1 - Quem são as "populações primitivas" de que trata o texto?​

Soluções para a tarefa

Respondido por karimapardooyred4
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Resposta:

eu não sei onde esta o texto, mas vê se ta certo, ok?!

Explicação:

Graças à problemática do milenarismo, a historiografia de Eric Hobsbawm integra toda a riqueza da subjetividade sociocultural, a profundidade das crenças, sentimentos e emoções em sua análise dos acontecimentos históricos, que não são mais, nessa perspectiva, percebidos simplesmente como produtos do jogo "objetivo" das forças econômicas ou políticas. Ainda distinguindo cuidadosamente os milenarismos primitivos dos revolucionários modernos, não deixa de mostrar sua afinidade eletiva. Isso não quer dizer que todos os movimentos revolucionários sejam milenaristas em sentido estrito ou, pior todavia, que respondam a um quiliasmo de tipo primitivo. Isso não impede afirmar que a afinidade entre os dois seja um fato fundamental na história das revoltas camponesas contra a modernização capitalista. Trata-se de uma das hipóteses de investigação mais interessantes esquematizadas em seus trabalhos desta época. Hobs-bawm ilustra seus propósitos com dois estudos de caso apaixonantes: o anarquismo rural na Andaluzia e as ligas camponesas da Sicília, os dois surgidos em fins do século XIX com prolongamentos no XX.HISTORIADOR interessado em ciências sociais, Eric Hobsbawm apresentou, graças a seus trabalhos sobre o milenarismo campesino, uma abordagem muito significativa no tocante à sociologia das religiões. Trata-se de uma das dimensões de sua pesquisa pioneira sobre as formas ditas "primitivas" de revolta. Judeu de cultura alemã, nascido no Egito, em 1917, educado em Viena e Berlim, mais tarde em Oxford e Cambridge, Hobsbawm é um dos maiores historiadores ingleses do século XX. Intelectual de esquerda, representa, antes de tudo, um homem do Iluminismo: não define ele o socialismo como o último herdeiro do racionalismo do século XVIII? Portanto, não é de estranhar que a distinção entre "moderno" e "primitivo" ou "arcaico" ocupe um lugar importante em seus trabalhos.1

Se, entretanto, examinamos alguns de seus escritos, e, em particular, as duas obras dos anos 1959-1969 dedicadas às formas ditas arcaicas de revolta, percebemos que a abordagem se distingue de modo evidente da vulgata "progressista" graças a seu interesse, simpatia, fascinação mesmo - os termos são dele - pelos movimentos "primitivos" de resistência e protesto antimoderno (anticapitalista) dos camponeses. É sobretudo o caso de Primitive rebels (1959) e Bandits (1972).2 São também escritos que se aproximam muito de certa problemática das ciências sociais. Na introdução ao primeiro, Jacques Le Goff comentava: graças a seu "sentido das semelhanças estruturais, sua sensibilidade histórica desemboca em horizontes sociológicos e antropológicos". De fato, essa obra é o resultado de uma série de conferências do autor na Universidade de Manchester, seguidas de debates com amigos sociólogos e antropólogos marxistas, Peter Worsley - especialista nos messianismos primitivos na Melanésia (o "Cargo Cult") - e o africanista Max Gluckman (Hobsbawm, 1966, p.10, 13).

Essa atitude de abertura ao "primitivo" - ao mesmo tempo metodológica, ética e política - implica distanciamento em relação a certa historiografia, que tende - em virtude daquilo que ele denuncia como um preconceito (bias) racionalista e "modernista" - a negligenciar tais movimentos, considerando-os como sobrevivências bizarras ou fenômenos marginais. Ora, insiste Hobsbawm, essas populações "primitivas", sobretudo rurais, são ainda hoje - ou seja, nos anos 1950 - a grande maioria das nações, na maior parte dos países do mundo. Além disso, e aí está o argumento decisivo para o historiador, "o despertar de sua consciência política fez de nosso século o mais revolucionário da história" (Hobsbawm, 1966, p.15-6; 1959, p.2-3). Em outras palavras, esse tipo de movimento, longe de ser marginal, é fonte ou raiz das grandes perturbações revolucionárias do século XX, em que camponeses e massas pobres dos campos tiveram um papel decisivo: a revolução mexicana de 1911-1919, a russa de 1917, a espanhola de 1936, a chinesa e a cubana. A ideia, apenas sugerida por Hobsbawm, que não se ocupa diretamente de nenhum desses acontecimentos, constitui uma espécie de segundo plano de suas pesquisas sobre os "primitivos".3

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