Psicologia, perguntado por ms3939145, 8 meses atrás

1. Qual seria a diferença da fé de Abraão tratada por Kierkegaard e a fé do senso comum,

aquela que as pessoas cotidianamente entendem como fé?​

Soluções para a tarefa

Respondido por anaananaan
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Resposta:

A presente dissertação tem por objetivo analisar a relação fé e existência na obra Temor e

tremor, do pensador dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard, presente na seção

Problemata. Escrita sob o pseudônimo Johannes de Silentio, é um elogio à fé do patriarca

bíblico Abraão, especialmente a apresentada na narração das Escrituras sobre a prova à

qual Deus submeteu-o: o pedido de que sacrificasse o filho Isaac. Para tanto, foi realizada

primeiramente a contextualização do pensamento do autor em Temor e tremor. A

identificação de acontecimentos relevantes em sua biografia e do resumo de sua obra

literária evidenciou que Kierkegaard denominou-se um autor religioso, cuja reflexão visava

à compreensão da existência e do ser cristão. A Igreja Luterana estatal e o movimento

pietista luterano formaram o ambiente cultural-religioso em que o autor dinamarquês fora

criado, os quais tanto influenciaram seu pensamento, quanto compuseram o pano de fundo

de suas reflexões na obra pesquisada. A teologia, a filosofia, a prática eclesiástica e o

cristianismo de sua época foram alvo de suas críticas. Em Temor e tremor, estas foram

elaboradas por argumentos referidos às concepções teológico-filosóficas do luteranismo-

pietismo, de Kant, da teologia liberal e do romantismo de Schleiermacher, Hamann e,

especialmente, de Hegel. A Problemata, parte central da obra e da argumentação de

Kierkegaard, é composta por três capítulos, que apresentam os problemas éticos derivados

da disposição de Abraão em sacrificar Isaac, intitulados: “Haverá uma suspensão

teleológica do ético?”, “Haverá um dever absoluto para com Deus?” e “Terá sido eticamente

defensável da parte de Abraão ter mantido silêncio sobre o seu propósito perante Sara,

Elieser e Isaac?”. A interpretação do texto permitiu a conclusão de que, em Temor e tremor,

a razão é incapaz de explicar Abraão, pois a ética não pode justificar sua atitude. A fé é a

categoria pela qual se pode compreender o patriarca, paradoxalmente relacionada à

existência e que ocorre como paixão, em função do absurdo; parte da resignação diante

do infinito em um duplo movimento, que volta ao finito para receber Isaac de volta. A

Problemata apresenta também outras categorias, associadas à fé de Abraão, dentre as

quais foram identificadas e analisadas ética, angústia, provação, repetição, individualidade

e subjetividade. A presença dessas categorias na existência do patriarca demonstrou uma

fé que ocorre como interioridade e não está limitada à ética. Para a obtenção de uma maior

amplitude na análise da fé e das demais categorias, estas foram correlacionadas com

outras duas produções literárias de Kierkegaard, nas quais estão presentes em diferentes

níveis conceituais, a saber, A repetição e O conceito de angústia. Em decorrência, a fé de

Abraão mostrou-se como instância suprarracional do pensamento e experiência religiosa,

sob a perspectiva fenomenológica, de abertura à transcendência e crença na providência

divina, em busca da superação das limitações da existência. Ademais, a fé apresentada

em Temor e tremor sugere desdobramentos quanto à manifestação religiosa individual na

atualidade, uma “fé não religiosa” desvinculada dos dogmas religiosos e da autoridade

eclesiástica institucional, e vivida na interioridade como relação existencial com Deus.

Explicação:

Este é o resumo

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