História, perguntado por alrorajaennet12, 4 meses atrás

1) Qual povo passa a registar a sua História? e o quê esse povo registra?

Soluções para a tarefa

Respondido por vitor17800
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Resposta:

O emocionante trabalho de um professor indígena ressalta a importância de uma atividade esquecida: a passagem da linguagem oral para a escrita

POR:

Beatriz Santomauro

01 de Abril | 2009

Foto: Kriz Knack

ANÁLISE DO TEXTO Na revisão, a turma da

EIEEF Sertanista José do Carmo Santana

aprende a gramática paiter. Foto: Kriz Knack

Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10

Os índios paiteres-suruís são um grupo nômade, com aldeias em Mato Grosso e Rondônia. Escolarizados, os mais jovens e os líderes da comunidade aprendem a falar e escrever em português. Mas, entre si, continuam se comunicando na língua de seus antepassados, o paiter. Como na maioria dos povos indígenas, não havia até 2006, entre essa etnia, escrita que representasse o que se fala. A história e a cultura do povo eram transmitidas apenas oralmente. Porém, com a mobilização da comunidade, de associações indígenas, de especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), o paiter ganhou um alfabeto e regras gramaticais. Nasceu uma língua. Um dos palcos desse processo foi uma sala de aula. Seu protagonista, um professor indígena.

Morador da zona rural de Cacoal, a 485 quilômetros de Porto Velho, Joaton Suruí participou da iniciativa que, entre 2006 e 2007, tornou possível registrar a escrita paiter. Com a orientação de linguistas e antropólogos, ele participou de oficinas que resultaram nas normas e no alfabeto da língua. Fim de papo? Não. "Uma língua escrita sem uso é uma língua morta", ensina o professor. "Para que o paiter não morresse logo após ter nascido, senti a necessidade de mostrar às crianças sua utilidade."

Como não havia nada escrito em paiter nas aldeias - nenhum panfleto, placa de rua, jornal ou revista -, a escola passou a ser o principal caminho para a disseminação do registro da língua. Joaton tomou as rédeas desse processo. Lecionando para uma turma multisseriada do 6º ao 9º ano da EIEEF Sertanista José do Carmo Santana, ele desenvolveu um projeto para ensinar a nova escrita com seus 13 alunos - todos indígenas como ele.

A forma escolhida foi a confecção de um livro, escrito e ilustrado pelos estudantes. "Eles ficaram ansiosos com a responsabilidade. E com razão: quando for lançado, o livro será o primeiro publicado em nossa língua materna."

As produções escritas dos alunos guardam marcas da oralidade  

Foto: Kriz Knack

ALUNOS PIONEIROS O grupo multisseriado

de 6º a 9º ano de Joaton é o primeiro a

escrever no idioma indígena. Foto: Kriz Knack

O trabalho emocionou os selecionadores do Prêmio Victor Civita de 2008, que conferiram a Joaton o troféu de Educador Nota 10. "Consolidar a língua paiter por meio de livros é uma forma de promover a autonomia e possibilitar o registro da memória que ainda sobrevive graças à tradição oral. Não vejo maneira mais emblemática de mostrar o papel da escrita", defende Cláudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da prefeitura de São Paulo e selecionador do Prêmio. Ainda segundo Cláudio, os paiteres só têm a ganhar se o projeto for replicado por outros docentes das aldeias. "Se surgirem novas publicações, é possível que mais escolas alfabetizem os alunos na língua materna, o que aumentaria o registro das ricas narrativas desse povo."

Ao chegar a este ponto do texto, você, professor de Língua Portuguesa, pode estar se perguntando: "O que uma iniciativa focada em uma língua quase extinta, falada por pouco mais de mil pessoas, tem a ver com minha realidade em sala?" A verdade é que tem muito a ver. O trabalho de Joaton aponta para uma prática essencial no domínio das habilidades linguísticas: a passagem do oral para o texto escrito.

Apesar de muito importante - é comum que os alunos com poucas experiências de letramento tenham uma escrita que apresente muitas marcas de oralidade -, esse conteúdo costuma ser negligenciado nas classes de 6º e 7º anos. Tudo porque persiste a visão de que basta transcrever o que se ouve e pronto: a composição

Explicação:

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