1.Qual influencia o Brasil teve na politica uruguaia?
Soluções para a tarefa
Os partidos de esquerda no Brasil e no Uruguai apresentam, atualmente, processos de crescimento e consolidação muito significativos.
Essas esquerdas mostram vínculos contraditórios com os legados de seu passado, e mostram uma configuração específica que deve ser analisada. Parafraseando Huntington, poderíamos falar de três grandes "ondas de esquerda", que tiveram lugar na América Latina do século XX. Um primeiro momento assistiria à ascensão do comunismo e do anarquismo, que organizaram o primeiro sindicalismo dos anos 20. Uma segunda "onda" seria a que surge no contexto da Guerra Fria, marcada pela mobilização e luta armada, que caracterizaram algumas das mais importantes vertentes latino-americanas. A terceira "onda" da esquerda pós-ditadura na América Latina tem algumas características distintas: nasce e consolida-se no pós-Guerra Fria em contraposição ao impulso neoliberal do "Consenso de Washington"; é estatista, movimentista, keynesiana, social-democrata, essencialmente política e tem - como sempre - uma ampla capacidade de mobilização entre os movimentos sociais.
Brasil e Uruguai representam dois casos relativamente opostos em termos da consolidação e da institucionalização de um sistema político democrático: o Uruguai é uma das democracias mais velhas do continente e o Brasil, uma das mais recentes; o sistema partidário uruguaio aparece na literatura (Scully e Mainwaring, 1995) como um dos mais consolidados, enquanto o brasileiro aparece como o de menor institucionalização. Porém, tanto no Brasil quanto no Uruguai, a esquerda aparece como o partido de mais forte estruturação relativa, ao menos se for medido por sua disciplina parlamentar (Scully e Mainwaring, 1995; Buquet, Chasquetti e Moraes, 1998) e pela força da auto-identificação partidária de seus eleitores (Serna, 1998). Em ambos os casos, também, esses partidos possuem uma forte e quase exclusiva capacidade de mobilização entre os movimentos sociais das mais diversas naturezas. Finalmente, a esquerda disputou as eleições presidenciais passadas (e tudo leva a crer que o mesmo se dará nas próximas) em pé de igualdade com os maiores partidos nos dois países.
O objetivo deste trabalho é comparar as trajetórias políticas, institucionais e eleitorais dos partidos de esquerda no Uruguai e no Brasil, destacando diferenças e semelhanças em termos de: a) seu legado histórico e sua cultura política atual; b) seus vínculos com os movimentos sociais e com o resto do sistema político. O efeito combinado das trajetórias políticas dos partidos de esquerda, as transformações do sistema político produzidas como conseqüência das rupturas institucionais das décadas de 1960 e 1970, e os atuais processos de reforma do Estado e de liberalização econômica contribuíram para explicar o "êxito" das propostas de esquerda nos anos 90 nos dois países.