1) Quais os meios de sobrevivência dos povos Xacriabás hoje?
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Resposta:
Um dos poucos grupos indígenas que habitam o estado de Minas Gerais, os Xakriabá sobreviveram ao intenso contato com os bandeirantes e depois com as frentes pecuaristas e garimpeiras. Tiveram seu território ocupado por fazendeiros e hoje lutam para ampliar suas terras demarcadas e recuperar parte dele. Também estão vivendo um processo de valorização cultural, buscando identificar e registrar itens e aspectos de sua cultura de modo a proteger esse patrimônio
As Terras Indígenas Xakriabá e Xakriabá Rancharia localizam-se no município de São João das Missões, no norte de Minas Gerais. A Terra Indígena Xakriabá foi homologada em 1987, e posteriormente, em 2003, foi acrescentada em área contínua a TI Xakriabá Rancharia.
O território localiza-se às margens do rio Itacarambi, onde existem pequenos rios temporários e alguns permanentes. O clima é quente durante todo o ano. A estação chuvosa compreende os meses de outubro a março. Porém, nos últimos anos, o índice de chuvas têm diminuído.
O solo é cheio de contrastes em toda a extensão do território. Em diversas áreas mais altas encontram-se maciços de calcário com cavernas. A vegetação predominante é o cerrado, com árvores de pequi, aroeira, juá, jurema, braúna, pau-d'arco, entre outras. A maior parte da vegetação é nativa, constituída por mata seca e a vereda. Tais áreas são usadas para caçadas e coleta de frutos, tais como cagaita, cabeça de negro, jabuticaba, maracujá, melão de São Caetano e xixá. Entre os animais, os mais comuns são veados, cutia, tatu, onça, coelho, raposa, tamanduá, gambá e seriema.
Alguns desses animais encontram-se em extinção dentro das TIs, devido à caça sem controle e fora de época. E, devido à agricultura e ao aumento da criação de gado, o desmatamento no território xakriabá também vem aumentando de modo preocupante.
No período pré-colonial, havia, possivelmente, outros povos na região de São João das Missões, às margens do rio São Francisco, onde nós, Xakriabá, estamos localizados hoje. Naquela época, nosso povo não tinha território definido e ocupava várias regiões no vale do Tocantins, Goiás e às margens do rio São Francisco.
No início do século XVIII, o maior responsável pela morte de índios Xakriabá foi o bandeirante Matias Cardoso de Almeida. Posteriormente, chegaram os missionários, que começaram a aldear para poder catequizar e assim ter domínio sobre nós.
Naquela época, um índio encontrou uma imagem de santo, que recebeu o nome de São João dos Índios. Os missionários jesuítas ficaram sabendo da imagem e resolveram levá-la para a igreja de Matias Cardoso, a qual os índios foram obrigados a construir. No dia seguinte, a imagem estava, novamente, no mesmo lugar onde foi encontrada, e assim ocorreu vários vezes.
Os missionários jesuítas, vendo que o santo não ficava na igreja de Matias Cardoso, acharam que era milagre e resolveram fazer uma capela na mesma localidade onde a imagem foi encontrada. Esse local é hoje uma igreja e a imagem continua no mesmo lugar em que foi encontrada naquela época. Hoje, a imagem possui o nome de São João, padroeiro da cidade cuja festa é comemorada no dia 25 de Junho. O local, posteriormente, foi denominado São João das Missões.
Antes da catequização dos índios, essa região era dividida em capitanias: Pernambuco, à margem esquerda do rio São Francisco, e à margem direita, a capitania da Bahia. Na época, os Xakriabá estavam localizados na capitania de Pernambuco, que acabou fazendo parte da missão jesuítica. Os Xakriabá foram aldeados para começar o processo de colonização, sendo obrigados a falar o português e a seguir a religião, costumes e crenças dos europeus.
Januário Cardoso de Almeida, filho de Matias Cardoso, doou um pedaço de terra para os Xakriabá, para que estes não se espalhassem e ficassem só trabalhando para ele. Os Xakriabá então registraram a terra em dois cartórios: o de Januária e o de Ouro Preto. Mas em 1850 foi criada a Lei de Terras, pela qual a terra Xakriabá se tornou devoluta, pertencendo ao governo.
Em 1927, ocorreu o primeiro grande conflito na região de Rancharia. Os fazendeiros fizeram uma cerca em torno do território Xakriabá, sendo que alguns índios foram obrigados a ajudar na construção dessa cerca: "Nós Xakriabá, revoltados com essa atitude, fizemos um mutirão e colocamos fogo na cerca, e alguns índios morreram nesse episódio. Demos o nome a essa cerca de 'curral de vara' ".