1. Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte. Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...) Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio. Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Igualmente, o paradigma da sociedade disciplinar, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, cede lugar a uma sociedade do desempenho, povoada por academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers. Empresários de si mesmos, seus habitantes não são mais sujeitos da obediência, mas do desempenho e da produção movidos pela energia motivacional: “Yes, we can”. Incitados à iniciativa pessoal, internalizam a disciplina sob a forma de uma aparente liberdade de ação. Assim, enquanto a antiga sociedade gerava loucos e delinquentes, a atual produz fracassados e depressivos, paralisados por uma sociedade que crê que nada é impossível. Daí a frequente sensação de nos percebermos em meio a uma bola de neve que cresce sem parar, na qual perdemos o controle das nossas ações. (Guilherme Wisnik, Folha de S.Paulo, 07/03/2016, adaptado, sobre o livro “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano radicado na Alemanha)
Assinale a afirmação incorreta a respeito do texto:
a)a busca desenfreada pela economia financeira produz um valor especulativo predatório.
b) o preenchimento do atual ócio e lazer com algo produtivo é uma falsa ilusão de rendimento.
c) o século 20 foi marcado pela ameaça de agentes externos, ou seja, pela ameaça do outro;oséculo21,pelaameaçadeagentes internos, ou seja, de si para si mesmo.
d)“academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers” são exemplos cabais do sucesso do homem atual.
e)a sociedade do desempenho, com a ideologia de que pode tudo, produz fracassados e depressivos.
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resposta correta é a letra D
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Resposta:
É a letra (D)“academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers” são exemplos cabais do sucesso do homem atual.
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