1. O desenlace trágico é prenunciado por vários indícios ao longo do texto. Assinale a alternativa que contém uma evidência: a. "[...] quando voltou para procurá-las, viu que um moleque havia apanhado um pé, saindo a correr com ele na mão”. b. “Como não tivesse vendido nenhum fósforo não se animava a voltar para casa. Sem dinheiro no bolso estava proibida de aparecer lá”. C. "Teve uma ideia: acender um daqueles fósforos para aquecer os dedos entanguidos. Assim fez". d. "A boa velhinha fora a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma estrela cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu”. Pfv, me ajuda
Soluções para a tarefa
Explicação:
A menina dos fósforos
1
Isto foi num desses países onde a neve cai durante o tempo de inverno
– e fazia um horrível frio naquela noite do ano.
2 Dentro do frio e dentro do escuro da noite a menina lá
seguia, de pés descalços pela cidade deserta. Descalça? Sim.
É verdade que saíra de casa com um par de chinelas muito
grandes para seus pés, pois tinham sido de sua mãe. Ao atravessar
a rua, porém, teve de correr para desviar-se duma carruagem
na disparada, e perdeu as chinelas; quando voltou para procurá-
-las, viu que um moleque havia apanhado um pé, saindo a correr com
ele na mão. “Vou fazer um berço desta chinela!”, dizia ele. O outro pé
não foi possível encontrar – com certeza sumiu enterrado na neve pelas
patas dos cavalos.
3 Por isso lá ia a menina de pés nus e já azuis de frio. Era uma vendedeira de
fósforos, do tempo em que os fósforos se vendiam soltos e não em caixa; no
avental trazia uma porção deles e na mão um punhadinho. Mas ninguém lhe
comprara ainda um só, e lá se ia ela, tiritando de frio, sem um vintém no
bolso. Verdadeiro retrato da miséria, a coitadinha.
4 Flocos de neve recobriam seus cabelos cor de ouro, todos
cacheados, sem que a menina desse por isso.
5 Em muitas casas a luz do interior saía pelas janelas misturada com
um saboroso cheiro de ganso assado – porque era dia de S. Silvestre, dia
em que todos podem comer um ganso assado.
6 Em certo ponto a menina sentou-se encolhidinha rente a uma parede e cruzou
os pés debaixo da saia. Nada adiantou. Sentiu-os mais enregelados ainda. Como não
tivesse vendido nenhum fósforo não se animava a voltar para casa. Sem dinheiro no
bolso estava proibida de aparecer lá.
7 Seu pai com certeza que a surraria – além disso o frio era lá tanto como ali. Uma
casa velha, de teto esburacado e paredes rachadas por onde o vento entrava zunindo.
8 Suas mãozinhas começaram a perder os movimentos.
9 Teve uma ideia: acender um daqueles fósforos para aquecer os dedos entanguidos.
Assim fez. Riscou um fósforo na parede – chit! Que luz bonita e que agradável quentura!
O fósforo queimava qual velinha, com a chama defendida do vento pela sua mão em
concha. Que bom! A menina sentia como se estivesse sentada diante dum grande fogão,
com ferro para mexer as brasas e uma caixa de lenha ao lado. Tão agradável aquele
calorzinho do fósforo, que ela espichou o pé para que também aproveitasse um pouco –
mas nisto a chama foi morrendo e afinal apagou-se. Só ficou em sua mão um toquinho
carbonizado.
10 A menina riscou outro fósforo, e à luz dele a parede da casa a que estava encostada
tornou-se transparente como um véu, deixando ver tudo quanto se passava lá dentro.
Estava posta uma grande mesa, com toalha alvíssima e prataria de porcelana; no
centro, um ganso recheado de maçãs e ameixas, que recendia um perfume delicioso.
De repente o ganso ergueu-se da travessa e, ainda com a faca e o garfo de trinchar
espetados no papo, veio na direção dela.
11 Nisto o fósforo apagou-se e tudo desapareceu. A menina riscou outro fósforo, e
imediatamente se achou sentada debaixo da mais bela árvore de Natal que seus olhos
ainda tinham visto nas casas de brinquedos. Mil velinhas ardiam na ponta dos galhos,
e os enfeites dependurados pareciam olhar para ela. Mas esse fósforo também foi se
apagando, e à medida que se ia apagando a árvore de Natal ia crescendo, crescendo e as
velinhas subindo até ficarem como estrelas no céu. Uma delas caiu, traçando um longo
risco de luz.
12 – Alguém está morrendo, pensou a menina com a ideia em sua avó. A boa velhinha
fora a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma
estrela cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu.
13 A menina acendeu outro fósforo – e desta vez o que apareceu foi sua própria vovó,
brilhante como um espírito e com o mesmo olhar meigo de sempre.
14 – Vovó! – exclamou ela. — Leve-me consigo! Eu sei que a senhora vai sumir-se
quando este fósforo chegar ao fim, como aconteceu com o ganso recheado e a linda
árvore de Natal.
15 E para que isso não acontecesse, a menina tratou de acender um fósforo atrás do
outro, sem esperar que a chama morresse. Era o meio de conservar a vovó perto de si.
16 E os fósforos foram ardendo com luz brilhante como a do dia, e sua vovó nunca lhe
apareceu tão bela, nem tão grande. Foi-se chegando, tomou a netinha nos braços e com
ela voou, radiante, para as alturas onde não há neve, nem frio mortal, nem fome, nem
cuidados – para o céu.
17 No outro dia encontraram o corpo da menina entanguido na calçada, com as faces
roxas e um sorriso feliz nos lábios. Havia morrido de fome e frio na última noite daquele
dezembro.
18 O sol do novo ano veio brincar sobre o pequenino cadáver. Em sua mãozinha rígida
estavam ainda os fósforos que não tivera tempo de acender. Os passantes olhavam e
diziam: “A coitada procurou aquecer-se com os fósforos”, mas ninguém suspeitou as
lindas coisas que ela viu, nem o deslumbramento com que começou o ano-novo em
companhia de sua vovó.
Texto.
Resposta:
d. "A boa velhinha fora a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma estrela cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu”
Explicação: