1 (MB-2015).Leia o fragmento da página de abertura de Iracema de José de Alencar e Macunaíma de Mário de Andrade:
a)“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era a doce como o seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado…”
b) “No fundo do mato- virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia…”
a)Que diferenças existem entre as duas caracterizações do índio como “símbolo da nacionalidade”?
b)Comente o estilo de linguagem empregada pelos dois autores.
Soluções para a tarefa
O estilo empregado pelos autores acompanham suas épocas, Alencar em seu romantismo utiliza o idealismo, enquanto que o caráter modernismo de Mário de Andrade usa uma linguagem mais coloquial se afastando da norma culta, usando um caráter crítico e a figura do índio aparece causando uma reflexão sobre o que é ser brasileiro.
A respeito de “Iracema”, de José de Alencar e de “Macunaíma”, de Mário de Andrade, podemos afirmar:
- a) Em “Iracema”, o índio é caracterizado de maneira romântica, influenciado pelo período do Romantismo no Brasil. São ressaltadas a valentia, a coragem e a beleza física dos indígenas, como forma de criação de um herói nacional, mas que recebe influências da visão europeia.
- Já “Macunaíma” apresenta um herói às avessas, uma vez que o índio aparece como uma figura nascida e criada no seio da terra brasileira, por isso mesmo é visto de maneira diferente da proposta por Alencar. O herói é engraçado e faceiro, suas aventuras são representativas de uma nação que possui sua própria identidade cultural.
- b) Alencar faz uso de uma linguagem erudita, marcada pelo rebuscamento no uso dos termos, como podemos observar nas comparações entre Iracema e os elementos da natureza. Já Andrade usa uma linguagem inovadora e mais próxima da realidade cultural brasileira, mesmo fazendo uso de neologismos e de expressões que geram estranhamento.
Índio na Literatura
A figura do índio na Literatura é marcada por divergências relacionadas ao período histórico de produção das obras. Por exemplo, após a independência do Brasil, tornou-se necessária a construção de uma cultura que representasse aquilo que era tipicamente nacional, por isso houve a exaltação do índio, mas com características que revelavam traços da cultura europeia.
Por outro lado, durante a fase Modernista, houve uma ruptura com os modelos importados da Europa, de maneira a se buscar a caracterização do índio a partir da cultura nacional. Assim, o índio passa a ser representado de acordo com a linguagem e a sua forma de viver no território brasileiro, por isso mesmo distante do padrão de valentia idealizada pelo molde europeu.
Saiba mais sobre índios em:
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