1. Leia este trecho de outra obra popular, o dinheiro, de Leandro Gomes de Barros (1865 - 1918).
a) Há semelhanças entre a narrativa desse cordel e a do texto dramático de Suassuna? Explique sua resposta.
b) As personagens do cordel têm atitudes semelhantes às das personagens da peça? Explique.
c) Que características humanas o vigário do texto O dinheiro atribui ao cão? Isso aparece também no texto da peça?
2 fragmento lido foi escolhido como epígrafe do livro Auto da Compadecida.
a) Explique o que é epígrafe. Se preciso, recorra ao dicionário.
b) O que a escolha desse texto como epígrafe revela ao leitor?
Um texto pode estabelecer diferentes relações com outros.
a) Os temas e as críticas presentes no trecho do cordel foram retomados pelo texto dramático? Justifique sua resposta.
b) Auto da Compadecida tem sua origem em histórias populares do Nordeste. Em sua opinião, o que a relação com outros textos constrói nesse texto dramático?
Soluções para a tarefa
Ai tbm quero a resposta
Não é difícil encontrar na literatura textos que estabelecem relações com outras obras. A peça “Auto da Compadecida” (1955) usa o texto de “O Dinheiro” ou “O testamento do Cachorro” (1909), clássico da literatura de cordel, como epígrafe (texto no início de um livro, capítulo ou artigo, que, normalmente, apresenta relação de semelhança com o tema da obra). Ou seja, ao escolher “O Dinheiro” ou “O testamento do Cachorro” como uma “introdução” à sua peça “Auto da Compadecida”, o autor Ariano Suassuna revela ao leitor que há semelhanças evidentes entre a narrativa das duas obras. Em ambas, o dinheiro aparece como algo que corrompe as pessoas, até mesmo aquelas que não esperamos.
Cordel e peça tratam do mesmo tema: o dinheiro que corrompe
“O Dinheiro” ou “O testamento do Cachorro” e “Auto da Compadecida” foram escritos por dois experts da literatura brasileira: Leandro Gomes de Barros (considerado o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel, tendo escrito algo em torno de 240 obras e vendido mais de três milhões de exemplares) e o dramaturgo, ensaísta, romancista e poeta Ariano Suassuna, respectivamente. Ambos fizeram uma literatura popular, que retratou e defendeu a cultura do sertão nordestino, valorizando seus ambientes, personagens e linguagem simples, com toques de humor e ironia.
O tema central do cordel “O Dinheiro” ou “O testamento do Cachorro” é o mesmo da peça “Auto da Compadecida”: um cachorro morre, seu dono (sua dona) quer fazer o funeral, o padre nega em um primeiro momento, mas acaba cedendo à vontade do dono (da dona), pois o cão, supostamente, teria feito um testamento e deixado dinheiro para o padre. Recebendo o dinheiro, os dois padres (o do enredo do cordel e o da peça) agem da mesma maneira: acabam realizando o velório do cachorro falecido.
Nas duas histórias, dois bispos são informados do velório e, em um primeiro momento, não aprovam. Recebendo também dinheiro, parte “do testamento”, mostram-se corrompíveis e passam a aprovar tudo.
Fica evidente a crítica ao dinheiro como algo que corrompe (até mesmo religiosos). Em ambas obras, o cachorro é enaltecido com adjetivos humanos, como “inteligente” e “de sentimentos nobres”, só porque, supostamente, possuía dinheiro. O cenário dos dois textos é o Nordeste brasileiro, com todas as suas riquezas culturais e misérias econômicas.
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