1. Havia um golpe da esquerda em gestação? A deposição de Jango foi um contragolpe?
2. Os golpistas chegaram com um plano para instalar uma ditadura?
3. Foi uma ditadura militar ou uma ditadura militar e civil?
4. Qual foi o envolvimento dos americanos com o golpe, a ditadura e a repressão?
5. Jango era um incompetente ou um incompreendido?
6. Os empresários apoiaram a repressão?
7. A tortura era obra de grupos radicais ou uma política de Estado?
Soluções para a tarefa
Resposta:
1-)Os aliados de Jango confiavam em que tinham a seu lado uma fatia das Forças Armadas – o “dispositivo militar” janguista. Quando os militares, de forma desorganizada, botaram os tanques na rua para destituir Jango, o “dispositivo” janguista não apareceu e não houve resistência ao golpe. “Não há evidência empírica de que Jango planejasse um golpe”, afirma o historiador Carlos Fico. “Mas suas declarações e o pedido de poderes especiais ao Congresso dão força à ideia de que pretendia dar um golpe.” Ainda hoje, militares da reserva dizem que a destituição de Jango foi um contragolpe preventivo. De certo, nem direita nem esquerda estavam interessadas na manutenção da ordem constitucional vigente em 1964.
2-)Não. O golpe foi desfechado improvisadamente. O dia 31 de março de 1964 começou com o general Olímpio Mourão Filho, que não estava entre os conspiradores de maior patente, vestido com um robe de seda vermelho, fazendo anotações em seu diário.
3-)O presidente Jango foi deposto por um levante militar, em 1964, e eram egressos da caserna os presidentes seguintes, até 1985. O Brasil esteve, portanto, sob um regime militar. Mas um regime com permanente apoio civil. “Imputar às Forças Armadas a responsabilidade pelo regime é um exagero”, diz Marco Antonio Villa, autor do livro Ditadura à brasileira. “Nunca tivemos um regime militar puro.” A deposição de Jango teve apoio de parte da população, em protestos como a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, da elite empresarial e da imprensa.
4-)Em 1963, o embaixador dos Estados Unidos no Rio, Lincoln Gordon, apresentou à Casa Branca o “Plano de Contingência 2-61”, com quatro possíveis desfechos para a turbulência política no Brasil. O mais provável era o golpe militar. O plano redundou na Operação Brother Sam, que enviou uma frota naval liderada pelo porta-aviões Forrestal, para o caso de os militares precisarem de armas e petróleo. O marechal Castelo Branco sabia da operação, que, afinal, mostrou-se desnecessária. O golpe se concretizou antes de o apoio chegar. Os Estados Unidos deram apoio político total aos golpistas. Mas o golpe foi obra de brasileiros, disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, numa palestra.
5-)"Se minha presença no governo for à custa de derramamento de sangue, prefiro me retirar." Assim João Goulart rejeitou o plano de contragolpe militar do general Ladário Neves, comandante do III Exército. Jango teve a nobreza de evitar uma guerra civil em 1964. Para muitos, porém, suas posições dúbias ajudaram a semear o golpe. Para o cunhado e eventual rival Leonel Brizola, Jango “foi a testemunha passiva de uma luta em seu íntimo entre duas personalidades inconciliáveis, o herdeiro político de Getúlio Vargas e o maior proprietário rural do Brasil”.
6-)Sim. A maior parte do empresariado simpatizava com o regime militar por vê-lo como uma reação necessária ao comunismo e ao fortalecimento dos sindicatos.
7-)Desde a ditadura, as versões dos militares sobre os casos de torturas em quartéis de oponentes do regime variaram. Ainda hoje, muitos oficiais da reserva alegam desconhecer que elas tenham ocorrido. Mais recentemente, alguns militares passaram a admitir que, sim, elas ocorreram, mas numa situação de guerra contra o “terrorismo”. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, de 76 anos, admitiu ter torturado, matado e ocultado cadáveres de presos políticos durante a ditadura. Quando perguntado pelo ex-ministro José Carlos Dias sobre quantas pessoas matara, Malhães respondeu: “Tantas quantas foram necessárias”.