1. (Enem 2017)
Este mês, a reportagem de capa veio do meu umbigo. Ou melhor, veio de um mal-estar que comecei a sentir na barriga. Sou meio italiano, pizzaiolo dos bons, herdei de minha avó uma daquelas velhas máquinas de macarrão a manivela. Cresci à base de farinha de trigo. Aí, do nada, comecei a ter alergias respiratórias que também pareciam estar ligadas à minha dieta. Comecei a peregrinar por médicos. Os exames diziam que não tinha nada errado comigo. Mas eu sentia, pô. Encontrei a resposta numa nutricionista: eu tinha intolerância a glúten e a lactose. Arrivederci, pizza. Tchau, cervejinha. Notei também que as prateleiras dos mercados de repente ficaram cheias de produtos que pareciam ser feitos para mim: leite, queijo e iogurte sem lactose, bolo, biscoito e macarrão sem glúten. E o mais incrível é que esse setor do mercado parece ser o que está mais cheio de gente. E não é só no Brasil. Parece ser em todo Ocidente industrializado. Inclusive na Itália. O tal glúten está na boca do povo, mas não está fácil entender a real. De um lado, a imprensa popular faz um escarcéu, sem no entanto, explicar o tema a fundo. De outro, muitos médicos ficam na defensiva, insinuando que tudo isso não passa de modismo, sem fundamento científico. Mas eu sei muito bem que não é só modismo – eu sinto na barriga. O tema é um vespeiro – e por isso julgamos que era hora de meter a colher, para separar o joio do trigo e dar respostas confiáveis às dúvidas que todo mundo tem. BURGIERMAN, D. R. Tem algo grande aí. Superinteressante, n. 335, jul. 2014 (adaptado).
O gênero editorial de revista contém estratégias argumentativas para convencer o público sobre a relevância da matéria de capa. No texto, considerando a maneira como o autor se dirige aos leitores, constitui uma característica da argumentação desenvolvida o
(a) A relato pessoal, que especifica o debate do assunto abordado.
(b) B exemplificação concreta, que descontrói a generalidade dos fatos.
(c) C referência intertextual, que recorre a termos da gastronomia.
(d) D crítica direta, que denuncia o oportunismo das indústrias alimentícias. E vocabulário coloquial, que representa o estilo da revista
Soluções para a tarefa
Resposta: (a) A relato pessoal, que especifica o debate do assunto abordado.
Explicação: O editorial tem como função convencer o público sobre uma matéria abordada. Assim, entende-se que o texto, ao trazer uma linguagem informal e abordar experiências pessoais do autor, entre em um maior contato com o leitor.
A abordagem usada pelo editorial na edição "Tem algo grande aí" da revista Superinteressante para convencer os leitores da relevância da matéria de capa foi a de relato pessoal.
- Portanto, a alternativa correta é a letra a.
No texto, para introduzir o assunto da intolerância ao glúten e a discussão do peso real deste problema e da real importância dos alimentos sem glúten foi usado um relato pessoal.
O relato pessoal é um tipo de texto que é narrado em primeira pessoa, por isso, é um texto que aproxima o autor dos leitores e, também por este motivo, usa de uma linguagem clara e acessível para relatar acontecimentos e experiências.
Neste caso, o uso do relato pessoal não tinha como objetivo apenas relatar uma situação ocorrida, mas também apresentar argumentos para convencer o público de que o tema da edição do mês era importante e polêmico.
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Espero ter ajudado!