Artes, perguntado por mv08339880, 6 meses atrás

1) Em relação a luz e a sombra podemos afirmar que:
a) podem aparecer separadas em uma pintura.
b) pinturas que reproduzem a sombra também fazem com a luz.
c) não tem efeito algum em pinturas
d) nenhuma das alternativas.​

Soluções para a tarefa

Respondido por dayannemarinhobandei
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Resposta:

Este artigo trata da relação do estudo da luz e sombra em pintura e da oposição entre desenho e colorismo, ainda presente no ensino de arte.

Sabe-se que nossa visão é um fenômeno corpóreo-sensível-cognitivo, fisicamente resultante do encontro da luz - não a emanada diretamente de uma fonte, mas a refletida de seu prévio encontro com os objetos do mundo - com determinadas células de nosso olho especializadas funcionalmente de acordo com sua sensibilidade quer à cor, quer à forma, os chamados cones e bastonetes. Essa denominação, baseada na observação formal desses pequenos aparelhos ao microscópio, faz agora o caminho inverso: coube ao oftalmologista, além de ter estado atento às funções fisiológicas das tais células, encontrar no repertório formal das construções geométricas euclidianas figuras muito próximas àquelas por ele descobertas.

Embora tenha prevalecido tal divisão - cartazes com a representação das tais células fazem parte da imagem de olhos, em tamanho A1, que decoram as paredes das salas de espera nos consultórios dos oculistas - busca-se hoje uma compreensão mais íntegra do fenômeno da visão: a presença da cor, por exemplo, deixou de ser um incômodo para os modelos baseados unicamente na percepção dos contornos formais, ou, por outro lado, o conhecimento mais bem comprovado da diversidade luminosa das cores permitiu "traduzi-las" em situações acromáticas, como a fotografia em preto e branco.

Na História da Arte, a junção das palavras "luz" e "sombra" remete a um procedimento em pintura, onde a atenção do artista dirige-se aos contrastes luminosos, na tentativa de transmitir maior veracidade. Em realidade, deveríamos falar em maior ilusão, pois é o bom ilusionista quem consegue nos fazer crer que o que se passa na bidimensionalidade de um recorte de superfície são situações espaciais, no sentido de tridimensionais, ou seja, altura, largura e, principalmente - e nisto residia a apreciação da obra de um pintor de acordo com sua capacidade de convencimento de uma mentira -, a profundidade.

Do período clássico das Escolas de Arte -as Academias -sobrevivem algumas noções didáticas, segundo as quais o quesito "Luz e Sombra" compõe capítulo da formação do artista, e, para realizá-lo, o professor retira do armário sólidos geométricos em gesso, dispõe-nos sobre a mesa próxima à fonte de luz - a janela - sobrepondo-os de modo que alguns projetem suas sombras sobre os outros ou sobre a mesa, e pede aos estudantes que os copiem em folhas de papel. Tal exercício, no mais das vezes, é feito em branco e preto, usando-se lápis ou carvão. A ausência de cor - tanto nos sólidos, como nos meios artísticos com os quais o exercício "luz e sombra" deverá ser realizado, geralmente papel e lápis, às vezes o esfuminho para esmaecer os contrastes - remete-nos à já referida dualidade de nossa compreensão da visão.

O fascínio que sempre nos exerceu a pintura de Caravaggio foi muitas vezes atribuído à estranha luz que banha seus personagens, resultante, talvez, de encenações noturnas - à luz de velas - em seu atelier. Percebe-se, além disso, uma acurada observação formal e a conseqüente reprodução das diversas gradações de luminosidade, que poderiam resultar de exímios desenhos. Entretanto, desconhecem-se desenhos de autoria de Caravaggio.

Esse fato, assim como a relação mais passível de comprovação entre as cenas de interiores e exteriores da cidade de Delft do pintor seiscentista Vermeer e o uso de aparelhos óticos de registros de luz como a câmera escura, ou ainda a possibilidade de que os drapejados nas vestes dos personagens de Ingres e a verossimilhança quase "fotográfica" de seus rostos se pautassem por registros de um outro aparelho ótico -a câmera clara -levaram o artista britânico David Hockney1 a lançar uma hipótese algo controversa, de acordo com a qual, independentemente do uso comprovado de aparelhos e lentes, a capacidade de observar e reproduzir gradações luminosas, em conjunto com a capacidade de reprodução formal, constituiria para os artistas um "conhecimento secreto", uma base sólida para a "genialidade" que a sociedade lhes atribuía.

Entre os pontos que geraram polêmica em torno do livro de Hockney, destaca-se a comparação dos desenhos de Ingres - este sim produziu muitos e maravilhosos desenhos - com os de Andy Warhol, surgidos num período em que o artista pôde despudoradamente fotografar um objeto ou uma cena de rua, por exemplo, projetá-los numa tela branca e com pincel fino pintar muito convincentemente o mundo "real".

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