1) É possível ensinar a arte da política? Se sim, como? Se não, por quê?
Soluções para a tarefa
Para Platão, a verdadeira arte política é a arte que cura a alma e a torna o mais possível virtuosa, sendo, por isso, a arte do filósofo. Em A República, o discípulo de Sócrates aborda a questão da justiça tanto no microcosmo (homem) quanto no macrocosmo (sociedade).
Nesta obra, Platão oferece o cerne de seu pensamento político, ainda que o problema inicial da obra comece com uma questão ética: a natureza e o valor da justiça. Sócrates, aí, deixa de lado a questão da justiça individual para abordar a natureza da justiça na cidade-Estado – onde a questão da justiça será escrita em letras maiores e, portanto, será mais fácil de ver. Em Platão, a ética não se dissocia da política.
A ética platônica tem relação firme com sua teoria de alma. A alma humana, em Platão, é uma alma caída. Nos livros IV e IX de A República o filósofo diz que a alma é tripartida: concupiscível (sensual), irascível (impulsos e afetos) e racional:
- A parte apetitiva (ou concupiscente) (epithymetikón) requer a virtude da temperança (sophrosýne) – avaro é o homem que se deixa levar pela parte concupiscente.
- A parte irascível (thymoeidés) requer a virtude da coragem (andría) - - ambicioso é o homem que se deixa levar pela irascibilidade.
- A parte racional (loghistikón) requer sabedoria ou prudência (phrónesis) - - estudioso é o homem que se deixa levar pela parte racional
No Timeu, Platão ainda atribui localizações corpóreas: a razão na cabeça, a coragem no coração e a parte mais baixa no fígado.
A “justiça” nada mais é do que a harmonia entre estas três partes e isto vale tanto para o indivíduo quanto para a cidade:
- VIRTUDES DA CIDADE = VIRTUDES DO INDIVÍDUO.
A justiça só existe exteriormente se existir interiormente. Cada classe social tem de saber seu lugar na organização da sociedade, assim como cada homem tem de saber ser virtuoso para dominar a parte da alma que lhe é mais proeminente. Sócrates então apresenta um esboço de cidade com três classes com funções respectivas (374d-376e):
- Guardiões (filósofos)– virtude da sabedoria (phronésis)
- Soldados (vigilantes) – fortaleza moral
- Artesãos e camponeses - moderação
Em Estados menos ideais, há uma perda deste modelo. Da Aristocracia, onde se governa a sabedoria não importa se em um ou mais governantes, chega-se à Timocracia (governada por uma junta militar) com a perda da sabedoria; da Timocracia para a Oligarquia, quando se perde a fortaleza moral e as virtudes militares; da Oligarquia chega-se à Democracia se se perde a moderação; da Democracia chega-se ao Despotismo, encarnação da injustiça.
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