Filosofia, perguntado por JuanBoladão, 1 ano atrás

1) Diferencie liberdade em Hobbes, Locke e Kant.

2) Em que sentido Kant transforma a liberdade em algo interior?

Obs.: Uma resposta bem completa por favor.


davegrohl2006: responderei a 2 aqui por falta de caracteres, tá legal?
davegrohl2006: 2) No sentido racional de modo que a ação só é livre quando não há nada que dê conteúdo para a ação. Por exemplo: Se você deseja ajudar uma pessoa, ajude porque é seu dever ajudar e não porque ela te despertou algum carisma, ou comoção... O "deves porque deves" é a expressão do ato livre puro. Espero ter ajudado!
JuanBoladão: Vlw mano! Me ajudou a entender essa matéria!

Soluções para a tarefa

Respondido por davegrohl2006
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Resposta:

A Liberdade em Hobbes é inexistente no sentido de que, quando o ser humano era livre, ele vivia em conflito constante (a guerra de todos contra todos), ou seja, o ser humano era incapaz de viver em harmonia por ser mau por natureza entregue aos seus desejos e instintos. Uma vez que surge o Estado Leviathan sendo maior que todos os humanos e mais poderoso, a paz só é estabelecida por meio da opressão, da obediência mediante a espada de modo que quem reivindica sua liberdade ao Estado Leviathan, é um insurgente, um rebelde e deve ser morto porque ele quer o retorno da guerra, agora contra o Soberano .

A Liberdade em John Locke parte do princípio de que as coisas não podem ser impostas e o papel do Estado é garantir que as pessoas sejam livres e consentidas em suas relações, ou seja, Locke admite uma moderação de modo que a liberdade não é um mal a ser combatido mas ao contrário, as pessoas livres somente se atacam entre si quando se sentem ameaçados quanto às suas posses (propriedade privada) e não é como no Estado de Hobbes em que o medo e a ameaça de ser morto partiam até da própria sombra da pessoa. Então, a liberdade segundo Locke é uma predisposição da natureza humana de forma que sua liberdade não é condicionada por Deus (no caso do determinismo) mas pelo consentimento entre as pessoas. Por outro lado, Locke também defende que a necessidade das leis faz com que as pessoas se sintam livres, ou seja, se não há ordem (leis, regras morais), também não há liberdade.

Já a Liberdade segundo Kant também é agir conforme as leis como aludia Locke mas na reflexão kantiana, a liberdade tem um raio de abrangência maior que apenas o cumprimento das regras objetivas (regras morais) mas a liberdade é ao mesmo tempo o despertar do espirito autônomo do sujeito; A liberdade em Kant não é apenas física mas intelectual já que apenas os seres humanos podem ser considerados livres unicamente por possuirem uma inteligência e racionalidade. A autonomia é o agir livre conforme os próprios imperativos, às regras da razão porque o ser humano é naturalmente um ser moral. Portanto, o "deves porque deves" é um ato livre sem qualquer condicionante ou algo que dê uma razão ou um motivo para agir.  

Respondido por andrenimo
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Se o homem no estado de natureza é livre como se disse, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e suas próprias posses, igual ao mais eminente dos homens e a ninguém submetido, por que haveria ele de se desfazer dessa liberdade? Por que haveria de renunciar a esse império e submeter-se ao domínio e ao controle de qualquer outro poder? A resposta evidente é a de que, embora tivesse tal direito no estado de natureza, o exercício do mesmo é muito incerto e está constantemente exposto à violação por parte dos outros [...]. Tais circunstâncias o fazem querer abdicar dessa condição, a qual, conquanto livre, é repleta temores e perigos constantes. E não é sem razão que ele procura e almeja unir-se em sociedade com outros que já se encontram reunidos ou projetam unir-se, para a mútua conservação de suas vidas, liberdades e bens, aos quais atribuo o termo genérico de propriedade. O fim maior e principal para os homens unirem-se em sociedades políticas e submeterem-se a um governo é, portanto, a conservação de sua propriedade.”

LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo civil. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 494-495.

Glossário eminente: mais importante que os outros. violação: fazer algo sem pedir autorização. abdicar: desistir, renunciar. conquanto: embora, contudo. almeja: quer, deseja. mútua: correspondente, recíproco.

Trecho do texto “Resposta à pergunta: o que é Esclarecimento?, de Immanuel Kant (1783)

“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. [...] Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões. Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis! O oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! O financista exclama: não raciocineis, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede! (Um único senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui por toda a parte a limitação da liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o impede, e até mesmo favorece? Respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento entre os homens. O uso privado da razão pode, porém, muitas vezes, ser muito estreitamente limitado, sem contudo por isso impedir notavelmente o progresso do esclarecimento.”

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: O que é “Esclarecimento”?. In: Textos seletos. Petrópolis: Vozes, 1974 [1783].

Trecho do livro A riqueza das nações, de Adam Smith (1776):

“Um monopólio garantido a um indivíduo ou a uma companhia de comércio tem o mesmo efeito que um segredo no comércio ou nas manufaturas. Os monopolistas, mantendo o mercado constantemente desprovido, nunca fornecendo a demanda efetiva, vendem suas mercadorias muito acima do preço natural [....]. O preço do monopólio, numa dada ocasião, é o mais alto que pode ser atingido. O preço natural, ou o preço da livre competição, ao contrário, é o mais baixo que pode ser tomado, não em qualquer ocasião, é verdade, mas para qualquer intervalo de tempo considerável. Um é, em qualquer ocasião, o mais alto que pode ser espremido dos compradores ou, supõe-se, que consentirão a dar; o outro é o mais baixo que os vendedores podem comumente tolerar e, ao mesmo tempo, continuar seu negócio. Os privilégios exclusivos das corporações, estatutos de aprendizado e todas aquelas leis que restringem, em empregos particulares, a competição a um número menor que de outro modo poderia ocorrer, têm a mesma tendência, se bem que em menor grau.”

SMITH, Adam. A riqueza das nações: uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017, p. 160-161.

Glossário monopólio: exclusividade, domínio. demanda: procura. espremido: conseguido. consentirão: concordarão, aceitarão.

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