1- Com base na leitura e na interpretação do texto, responda as questões a seguir:
A) "Dotado de grande perspicácia, compreendeu em poucos dias como entendia o comendador a vida do
campo, e tratou de o lisonjear por todos os modos."
EXPLIQUE em que medida o verbo "lisonjear", empregado na frase, representa uma síntese da atitude
de Clemente Soares ante o comendador, na passagem apresentada.
B) O que sugere com certa malícia o narrador, ao empregar a forma verbal soube no fragmento
apresentado, dizendo que Carlotinha "soube mostra-se esposa dedicada e reconhecida", quando poderia
ter dito que ela "mostrou-se esposa dedicada e reconhecida"?
C) Releia o segundo parágrafo do conto de Machado de Assis e EXPLIQUE o que deixa implícito o
narrador a respeito da noção usual de destino.
D) Na tira de Laerte, APONTE o que o aluno não percebeu de imediato como primeira lição de
Fagundes.
Soluções para a tarefa
Resposta:
a) O verbo lisonjear, no contexto, significa tentar agradar, ou mais especificamente, adular. O uso de tal palavra é uma forma de condensar uma série de frases e atitudes que comporiam todo um diálogo entre o comendador e a personagem Clemente (indivíduo que, desde o momento em que aceitou o convite de visitar o comendador em sua propriedade, almejou objetivos outros que não apenas o da amizade). Dessa forma, torna-se imediata a relação entre o significado implicado na palavra lisonjear e as ações de Clemente no texto: como se tratava de uma visita que tinha como objetivo aceitar a “mão” que lhe ofereciam num momento no qual se encontrava em apertos, o comportamento de Clemente buscava conquistar a confiança do comendador Brito, algo que se começa por meio da bajulação.
b) Uma das características principais do modo como Machado de Assis compõe suas obras é o uso de uma linguagem perspicaz e recheada de ironias. No trecho assinalado para esta questão, o objetivo do autor não é outro: busca marcar ironicamente a atitude de Carlotinha utilizando-se do verbo soube. No contexto em que o verbo saber se insere, passa a adquirir a ideia semelhante à de habilidade, demonstrando que a esposa do comendador dominava a arte de se fazer parecer dedicada e reconhecida, ainda que não se agisse honestamente dessa maneira.
c) A partir da leitura do segundo parágrafo é possível identificar que o narrador amplia a concepção usualmente aceita sobre o que seja o “destino”. O narrador deixa implícita a ideia de que o homem nem sempre é vítima daquilo que se chama “destino”: o curso de sua vida poderá ser determinado tanto por suas atitudes quanto pelas circunstâncias nas quais esteja envolvido, e não só por algo a que se chama de destino, usualmente tratado como uma “entidade” responsável por e determinadora do futuro de cada ser humano.
É possível identificar, no texto, tal acepção a partir de uma leitura cuidadosa dos trechos a seguir, nos quais o narrador relaciona o “mau destino”:
d) De imediato, o aluno não percebe a natureza calculada e exemplificadora da fala do professor, o qual utiliza de expressões claramente de puxa-saco, lisonja imerecida ou artificial, para se dirigir ao “aluno”. O que comprova esta premissa é a resposta do personagem ao dizer que “fica sem jeito” com as palavras do professor, ou seja, interpreta-as como elogios verdadeiros. Além disso, ele ainda questiona quando será a primeira aula, outro fato que corrobora a sua ingenuidade quanto à ação de Fagundes.
O mecanismo gerador de humor neste caso consistirá, portanto, na quebra de expectativa do leitor quando, no último quadrinho, Fagundes revelar que a primeira aula fora dada: puxar-saco sem parecer intencional era a premissa para ser um bom bajulador.
Explicação: