1 Baseando-se na leitura dos fragmentos apresentados, comente o papel do narrador em Memórias de um sargento de milícias. Transcreva uma passagem da narrativa para justificar a resposta.
2 “...o menino de quem falamos é o herói desta história”. Com base nos fragmentos apresentados, caracterize o herói Leonardinho.
3 Você observou que Manuel A. de Almeida coloca Leonardinho, literalmente, como filho de uma brincadeira (pisadela e beliscão) e filho de uma… senhora de hábitos extraconjugais pouco ortodoxos. O nosso herói se relaciona com gente que vivia à margem da sociedade bem posta do Rio de Janeiro que acabava de receber D. João VI e a Corte lusitana, aproximando-se de um tipo de personagem que fez sucesso na novelística espanhola: o herói picaresco. Você diria que essa caracterização está perfeitamente de acordo com os valores românticos? Justifique sua resposta.
4 “... arrancava-lhe das mãos a vítima infeliz.” [Primeiro parágrafo do capítulo II] Essa passagem nos oferece um bom exemplo do estilo leve do autor. Quem é a “ vítima infeliz” da passagem acima?
5 Cite outros momentos hilariantes do texto, principalmente as passagens irônicas.
6 Destaque uma passagem do texto que comprove ser esta narrativa uma crônica de costumes.
Soluções para a tarefa
1. O papel do narrador em "Memórias de um sargento de milícias" é interferir no texto e fazer observações sobre a história contada, como se conversasse com o leitor.
> Passagens que justificam a resposta:
"Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça..."
"E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história."
2. O herói Leonardinho é um anti-herói, pois é traquinas, teimoso, colérico, guloso, ou seja, tinha características nada virtuosas e não lembrava o herói romântico.
3. Não, essa caracterização NÃO está perfeitamente de acordo com os valores românticos, pois o romantismo costumava apresentar personagens virtuosos, com posturas moralizantes, vivendo na corte, com nível de vida superior, e isso não está presente nessa obra.
4. A "vítima infeliz" é o chapéu do pai, que Leonardinho "esganava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa".
5. Outros momentos hilariantes do texto:
"A Maria não lhe perdoava; trazia-lhe bem maltratada uma região do corpo." (Leonardinho apanhava muito da mãe por ser guloso e traquinas)
"...havia ele desde certo tempo concebido fundadas suspeitas de que era atraiçoado." (o narrador já sugere que de fato Leonardo era traído pela mulher)
"O menino assistira a toda essa cena com imperturbável sangue-frio: enquanto a Maria apanhava e o Leonardo esbravejava, aquele ocupava-se tranqüilamente em rasgar as folhas dos autos que este tinha largado ao entrar, e em fazer delas uma grande coleção de cartuchos." (o filho brinca, sem se preocupar, com os documentos do pai enquanto este bate na mãe)
"És filho de uma pisadela e de um beliscão; mereces que um pontapé te acabe a casta." (Leonardinho, nascido de uma pisadela e de um beliscão, é expulso de casa a pontapés pelo pai)
6. Uma passagem do texto que comprove ser esta narrativa uma crônica de costumes:
"Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra..."
(indica que, naquela região, era dessa maneira, com pisadelas e beliscões, que as pessoas se conheciam e se apaixonavam)