1. Apresentação do caso
Uma paciente de 85 anos foi levada pela filha à Unidade Básica de Saúde com quadro de dispneia leve iniciada hoje no início da manhã.
A paciente não tem queixas, mas está um pouco confusa, e as informações foram prestadas pela filha. Segundo esta, sua mãe estava inquieta à noite, embora tenha passado bem todo o dia anterior. Ela sempre realizou as atividades da casa sozinha e nunca apresentou confusão mental. Não há relato de tosse, expectoração, sibilância ou febre.
Na véspera a idosa ficou sabendo que seu único neto está envolvido com drogas.
A paciente é hipertensa e diabética, mas bem controlada. Não é tabagista, mas é bastante sedentária e obesa (IMC=32). Já foi internada no ano passado com pneumonia e já realizou colecistectomia.
Ao exame físico foram observados confusão mental, incapacidade de manter a atenção no diálogo com o médico, palidez mucosa discreta, dispneia leve, taquipneia (FR=28 ipm), crepitações tele-inspiratórias nas bases pulmonares, taquicardia (FC=102 bpm), ritmo cardíaco irregular, presença de B3, acentuação da cifose torácica, osteoartrose das mãos e varizes de membros inferiores (MMII).
O médico tranquilizou a filha informando que o quadro de ansiedade reativa a fatores estressantes (saber que neto está envolvido com drogas) pode cursar com dispneia, taquicardia e confusão mental.
Escolha o final mais adequado para o caso clínico.
O médico recomendou repouso e chás caseiros, para evitar benzodiazepínicos.
O médico prescreveu um antidepressivo com ação ansiolítica e sem interação medicamentosa com os medicamentos em uso (citalopram), em dose adequada para idosos, e orientou a filha que o efeito não se iniciaria antes de duas semanas. Neste período ela deveria tentar oferecer para a mãe atividades de lazer e distração.
O médico terminou seu horário na UBS e passou o caso a outro médico. O colega decidiu encaminhar a idosa imediatamente a um serviço de urgência.
O médico prescreveu uma dose baixa de benzodiazepínico (evitou os de ação longa, como clonazepam e bromazepam) para utilização por no máximo três dias, com vigilância constante da família para evitar quedas.
Soluções para a tarefa
Resposta:
O médico terminou seu horário na UBS e passou o caso a outro médico. O colega decidiu encaminhar a idosa imediatamente a um serviço de urgência.
Explicação:
O início recente de confusão mental e a incapacidade de sustentar a atenção sugerem o diagnóstico de delirium (= confusão mental aguda). O delirium pode ser provocado por inúmeras condições, desde as mais simples, como constipação intestinal, até as mais graves, como sepses.
Apesar da confusão mental, a idosa não apresenta quadro de ansiedade, não se justificando a presença de taquicardia e taquipneia. As alterações da ausculta levantam a possibilidade de uma causa cardíaca para o quadro, hipótese reforçada pelos fatores de risco cardiovascular da paciente (idade, hipertensão, diabetes, obesidade). A conduta do 2º médico foi correta, pois é necessário descartar com urgência a fibrilação atrial ou síndrome coronariana.