06-O grande crescimento econômico da China representa, também, seu
desenvolvimento social? Justifique sua resposta.
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Resposta:
Não constitui nenhuma novidade o fabuloso desempenho econômico da China desde as reformas iniciadas por Deng Xiaoping em 1978. Neste período, o PIB apresentou um crescimento real médio anual de 10% - que se compara com uma taxa de 3,7% para o período 1960-1977 -, ao mesmo tempo em que a inflação, na média, foi de 6% ao ano. Esse crescimento foi um dos fatores por trás da gigantesca redução da pobreza. Segundo o PNUD, apenas entre 1990 e 2002, o número de chineses com rendimento abaixo de US$ 1,00/dia caiu de 490 milhões para 88 milhões. O PIB per capita (PPP) cresceu quase dez vezes entre 1978 e 2004, de acordo com o Center for International Comparisons of Production, Income and Prices, da Universidade da Pennsylvania. De acordo com dados do PNUD, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da China passou de 0,53 em 1975 para 0,78 em 2006. O grau de urbanização também foi impressionante. A população urbana, que representava cerca de 18% do total em 1978, passou a quase 44% em 2006.
Outros países, ao longo do século XX, também tiveram períodos de forte crescimento econômico e relativa estabilidade de preços. Considerando-se períodos de mais de cinco anos com taxas de crescimento superiores a 6% anuais em praticamente todos os anos, a partir de 1950, Brasil, Coreia do Sul, Tailândia, Japão, Malásia, Hong Kong e Cingapura tiveram taxas médias de variação do PIB superiores a 7% a.a. durante esses períodos de crescimento acelerado, de acordo com dados do FMI1. Malásia e Hong Kong experimentaram surtos de crescimento de cerca de 30 anos, enquanto Cingapura e Coreia do Sul cresceram aceleradamente durante 40 anos.
O que diferencia a China desses outros países, portanto? Em primeiro lugar, a taxa média anual de crescimento do produto real de quase todos esses países ficou um pouco abaixo da chinesa. Como se observa na Tabela 1, nenhum outro país cresceu tanto quanto a China entre 1951 e 2007, à exceção de Taiwan2 e Cingapura. Entre 1951 e 1977, os quatro Tigres Asiáticos (Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul e Cingapura) e Japão cresceram a taxas anuais entre 7% e 8%, sendo que Taiwan avançou a um ritmo de 9,4%. Porém, nos 30 anos desde que tiveram início as reformas, nenhum outro país chegou perto do ritmo de crescimento da China. A diferença entre as taxas alcançadas por esses países, entre 6% e 7%, e a média para a China, de 9,7% a.a., é bastante considerável em períodos muito longos como esses. Apenas para dar uma ideia, uma taxa de 7% a.a. durante 30 anos significa que o PIB terá se multiplicado por menos de 8, ao passo que uma taxa de 10% a.a. pelo mesmo período, implica multiplicar esse valor por 17.
Em segundo lugar, o tamanho econômico do país. Em 1975, tomando por base as paridades de poder de compra3, a economia chinesa era a nona maior do mundo, com um PIB de cerca de 13% o dos Estados Unidos. Em 2001, segundo esse mesmo critério, já era a segunda maior economia global, representando 46% da norte-americana em 2006.
O objetivo do presente capítulo é fazer uma análise retrospectiva do desempenho macroeconômico da China nos últimos 30 anos, passando em revista os principais aspectos e traçando as perspectivas de curto prazo. O trabalho está organizado da seguinte forma. A segunda seção apresenta as causas do crescimento econômico da China. Na terceira seção são apresentados os principais aspectos do seu desempenho macroeconômico, enquanto na última seção são apresentadas as perspectivas.