Segundo o Manifesto Comunista, "a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes", isto é, um confronto de grupos de homens livres e escravos, patrícios e plebeus, senhor e servo, etc. Na sua interpretação, a história da sociedade atual pode ser resumida, apenas no confronto entre dois grupos sociais opostos? Elabore em um texto e, em seguida, explique e debata suas conclusões.
Soluções para a tarefa
Resposta: A história da sociedade atual é precisamente baseada na luta de classes. Seria simplista dizer que é apenas isso (precisamos aplicar o próprio método de Marx, o materialismo histórico e dialético, para adquirir o maior e mais alto nível de informações possível a compreender as contradições históricas do desenvolvimento da materialidade), mas a questão do conflito de interesses entre a burguesia e o proletariado são a fundação de todas as particularidades na realidade material na sociedade capitalista contemporânea.
Para deixar mais claro o porquê dessa lógica, analisemos o próprio conceito de classe aprofundado por Marx. De forma simples, classe é um determinado grupo de pessoas dividido baseado em sua relação com os meios de produção da sociedade. A classe burguesa detêm a posse de toda a propriedade privada (dos meios de produção, ou seja, fábricas, latifúndios, indústrias de todos os tipos) e justamente por isso detêm todo o poder social e econômico da sociedade. Contudo, a condição de sua existência e de seu poder está diretamente relacionada com a existência e dominação completa da classe proletária. O proletariado, ou os trabalhadores, são aqueles que não possuem os meios de produção e suas vidas dependem da venda de sua força de trabalho (em forma de trabalho assalariado) para a burguesia. Dessa forma, o trabalho é ao mesmo tempo a condição de vida da classe trabalhadora e a ferramenta de sua exploração. Primariamente, os burgueses têm como interesse comprar a força de trabalho do proletariado pelo menor preço possível para adquirir a maior lucratividade possível, enquanto os trabalhadores têm como interesse vender sua força de trabalho pelo maior preço possível para garantir melhores condições de sobrevivência. Em resumo, os interesses fundamentais antagônicos entre as classes (a luta de classes) são a base fundamental de todas as relações sociais e econômicas da sociedade (de toda e qualquer sociedade de classe), na sua história e contemporaneidade.
No nosso caso, nossa sociedade é baseada na exploração do homem pelo homem, da burguesia pelo proletariado, aqueles que detêm todo o poder contra aqueles que não tem. A força motriz por trás das relações sociais é o Capital (montante de dinheiro que será aplicado para gerar mais dinheiro), a necessidade de adquirir o máximo de lucratividade possível de todas as formas possíveis infinitamente. Um reflexo simples de observar dessa lógica na história e contemporaneidade da sociedade é a tendência a crises econômicas cíclicas (afinal, na produção infinita de uma mercadoria, se chega num ponto onde não há mais consumidores, resultando em uma recessão), que afetaram e afetam a vida de bilhões de pessoas, de toda a classe trabalhadora pelo mundo inteiro, principalmente nos países de terceiro mundo (completamente dominados e escravizados economicamente e politicamente pelo Imperialismo, a fase superior do Capitalismo), gerando cada vez mais desigualdade e concentração de Capital nas mãos de cada vez menos burgueses (bilionários como Jeff Bezos, Luciano Hang, Bill Gates). Outro exemplo concreto na materialidade presente e futura é o esgotamento dos recursos naturais que são utilizados como matéria prima para toda e qualquer mercadoria. A lógica de crescimento exponencial e infinito demandaria recursos infinitos, algo completamente fora da realidade. No nosso caso, o resultado de apenas algumas décadas de hegemonia capitalista está levando à destruição todos os ecossistemas do planeta, trazendo a rápida velocidade a extinção garantida da humanidade e da maioria dos seres vivos. Isso se caso não trazermos ao fim o sistema capitalista antes.
Uma revolução (como já houveram no passado, por exemplo a Revolução Francesa, uma revolução da burguesia que foi um dos pilares históricos da formação do capitalismo), no nosso caso uma revolução socialista, a abolição da propriedade privada dos meios de produção, ou seja, tomada de poder da classe proletária dando início a uma ditadura (dominação de uma classe sobre outra) do proletariado e levando ao fim a ditadura da burguesia, trouxe (como podemos observar nas experiências socialistas do século XX e XXI) e trará mudanças fundamentais nas relações sociais econômicas e políticas em todas as esferas da sociedade, na vida de todos os seres humanos vivendo nela.