Português, perguntado por lucaspalmalp507, 1 ano atrás

resenha critica lion uma jornada para casa

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Respondido por Waves
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Vivendo na região mais pobre da Índia, Saroo foi vítima de um acaso com desdobramentos verdadeiramente cinematográficos. Com somente cinco anos, desapareceu enquanto acompanhava o irmão mais velho durante uma noite à caça de pequenos serviços. Sozinho em uma estação de trem, acabou entrando em um vagão que o mandou a milhas de distância de sua casa, sendo posteriormente adotado por um casal de australianos.

No entanto, o roteiro dessa história de recomeço em um novo lar escrito por Luke Davies tem um interesse mais amplo por Saroo Brierley, que relatou em seu livro “A Long Way Home” o processo de amadurecer sem esquecer por uma dia sequer a sua família de sangue e a dor é que sobreviver com a sua ausência. Daí a escolha do diretor estreante Garth Davis em dividir “Lion – Uma Jornada Para Casa” em dois tempos tão distintos e importantes para se completarem.

Na primeira metade da narrativa, recai sobre os ombros da adorável revelação Sunny Pawar carregar o filme nas costas, encarnando um Saroo que ainda é capaz de manter o brilho nos olhos mesmo trabalhando com o seu irmão Guddu (Abhishek Bharate) durante o dia para ter o que comer à noite. É uma realidade árdua, mas que não reduz a cumplicidade de uma família também composta por sua mãe, Kamla (Priyanka Bose), e a sua irmã mais nova, Shekila (Khushi Solanki).

Tendo codirigido o notável seriado “Top of the Lake” com Jane Campion, Garth Davis demonstra em “Lion” equilíbrio entre o deslocamento de seu protagonista com a afetuosidade de um amor incondicional expresso principalmente por Kamla e a sua mãe adotiva Sue (Nicole Kidman, em uma participação pequena e arrasadora). É especialmente importante o modo que acompanha o pequeno Saroo, com uma câmera que respeita a sua perspectiva do mundo e sendo paciente no registro do desespero de uma criança se movendo da Índia para Calcutá e das armadilhas preparadas por adultos inescrupulosos.

A barra também não é aliviada para o Saroo adulto, vivido por um Dev Patel totalmente maduro após um rumo trôpego traçado a partir do fenômeno de “Quem Quer Ser Um Milionário?”. Mesmo ciente de suas vocações e de uma nova vida privilegiada, é um homem que enfatiza para os seus pais adotivos a escolha que fizeram por alguém incapaz de se dissociar de seu próprio passado.

Tinha tudo para ser mais uma produção com pretensões hollywoodianas, mas, felizmente, a intervenção dos irmãos Weinstein só é notada em uma conclusão com “Never Give Up”, canção que conta com uma performance bem inadequada de Sia. Afora o deslize, “Lion” está em plena sintonia com as suas raízes australianas, correspondendo ao melhor segmento dramático produzido no país ao comover com as intenções mais nobres.

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